quarta-feira, 2 de março de 2011

De Imagens e Palavras...

Depois de quatro anos de trabalho e inúmeros adiamentos, finalmente chega às telonas Lope (2010), de Andrucha Waddington. O filme, que conta o início da carreira de dramaturgo do talvez mais importante escritor espanhol de todos os tempos, é uma co-produção entre Brasil e Espanha. A união e esforço valeram a pena. Vencedor de dois prêmios Goya (Melhor Direção de Arte e Canção Original), o filme é, no mínimo, bastante apreciável.

Poster Lope
Félix Lope de Vega (Alberto Ammann) foi um sonhador com a terrível, e sempre atual, gana de viver de arte. Após voltar como sobrevivente da derrota da “Incrível Armada” contra a Espanha, em 1588, dedicou-se a escrever comédias de uma forma completamente inovadora. Ainda que suas ideias tenham conquistado de maneira avassaladora um público que ansiava por algo mais moderno, suas dívidas fizeram com que continuasse pobre e fosse manipulado por seus empregadores. Sua incrível habilidade e amor com as palavras fez com que conquistasse e se envolvesse profundamente com a filha de seu chefe, Dom Velásques, e da prometida de Marquês de Navas (Selton Mello), que comprava suas obras para apresentá-las como de autoria própria. Dentro deste complicadíssimo triângulo amoroso, Lope acaba se revoltando e entrando em conflito com homens muito poderosos, tornando-se um fugitivo.

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Definitivamente o ponto alto do longa está em sua apresentação visual. Uma direção de arte e maquilagem boníssimas e fotografia extremamente convidativa fazem o público não querer perder nenhum detalhe desta pintura visceral de traços modernos da história de um dos grandes nomes da literatura mundial. A força inventiva das câmeras na primeira metade do filme, de forma constante e talvez demasiada, quase complica o encaminhamento do longa, porém em um segundo momento as coisas tomam um rumo completamente eficiente, contando como grande ponto positivo para a obra. As cenas de ação, ainda que bem feitas, dão um clima pouco verossímil, contendo espadadas dignas de Dartagnan.

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Com um ritmo que se perde durante o filme, fica nítida a imagem da empolgação de um diretor que acabava de se encantar com uma história nova. Em alguns momentos é sugerida uma boa importância a núcleos da trama que acabam sendo muito pouco apreciados e concluídos rapidamente. O longa não é uma boa forma de contar a história do escritor e dramaturgo espanhol, mas uma ótima ilustração. Não espere sair do cinema com uma cultura bastante apurada da vida de Lope de Vega, mas com uma trama contagiante que não parece ter sido fruto da realidade.

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