quinta-feira, 3 de março de 2011

Uma rosa, mesmo com outra cor, cheiraria igualmente bem


Ato I, Cena I.
Abrem-se as cortinas.
Um gnomo de jardim lê o prólogo.

Gnomo - Esta história já foi contada muitas e muitas vezes, e eu vou contá-la de novo. Mas de um jeito diferente.
Assim começa Gnomeu e Julieta (Gnomeo & Juliet), uma das mais originais e loucas adaptações do clássico de Shakespeare já produzidas. Com a direção de Kelly Asbury, o filme saiu da esfera de coisas improváveis para ser uma animação com ótima trilha sonora.



Se há tensão, não é surpresa que haja também as cores vermelho e azul. Muitos personagens já tiveram que escolher entre cortar o fio azul ou o vermelho, e nem todos sobrevivem para contar a história. Outros são pressionados a escolher entre a pílula vermelha e a azul, depois de seguir uma tatuagem de coelho. Em Gnomeu e Julieta não poderia ser diferente: toda a rixa entre os vizinhos Sr. Capuleto e Sra. Montéquio afeta seus gnomos de jardim, os vermelhos e os azuis. E até existem coelhos no filme, mas feitos de cimento.


É óbvio que, no meio de tudo isso, deveria surgir um romance proibido. Julieta e Gnomeu se conhecem no alto de uma estufa e, depois de uma lutinha fofa por uma flor, eles se apaixonam. No entanto, como suas cores estavam camufladas (o azul dele por lama e o vermelho dela por uma meia humana preta), os dois só se descobrem rivais quando caem no lago. Mas, ora! O que há numa simples cor? O que chamamos azul, com outra cor, não seria igualmente um enfeite de jardim? Exato! Com a ajuda de Featherstone, um simpático flamingo rosa de plástico, o casal descobre que o amor pode superar o ódio.


Além das histórias e diálogos cômicos com sotaque britânico (versão legendada), a trilha sonora é inspiradora, com músicas originais e algumas clássicas de Elton John e Bernie Taupin. Mas apesar de ser uma animação light de indicação livre, é preciso ter nervos de aço para assistir às peripécias de gnominhos que tilintam de tão frágeis, suscetíveis a se lascarem literalmente, durante corridas em cortadores de grama.


Em época de muita produção de entretenimento, é preciso ficar atento à qualidade, principalmente às obras que atendem ao público infantil. Embora animações não sejam voltadas exclusivamente para crianças, são elas as mais fáceis de serem educadas por um produto ruim. Com Gnomeu e Julieta, no entanto, a criançada não corre o risco. Embora perca um pouco da magia se comparado a Shrek 2, filme do mesmo diretor, a animação encanta pelo ineditismo e ótima trilha sonora.
Fico imaginando as possíveis promoções de brinquedinho nas redes de fast-food. Anõezinhos fofos de jardim que cantam Elton John? Eu quero!

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