sexta-feira, 1 de abril de 2011

Do Sub-Gênero e Seus Defeitos

Roger Michell, diretor do grande clássico da comédia romântica dos anos 90 – o memorável “Um Lugar Chamado Notting Hill”, volta às telas com outro romance que, dessa vez roteirizado pelos responsáveis pelo sucesso “O Diabo Veste Prada”, peca justamente por não alcançar a universalidade de dois dos grandes filmes do gênero nos últimos anos. "Uma Manhã Gloriosa" (A Morning Glory, Eua, 2010) até ensaia ser simpático, mas, arrastado por um roteiro infantil, derrapa na fórmula e garante, no fim, apenas alguns pouquíssimos sorrisos de canto de boca.


Becky Fuller (a mais uma vez adorável Rachel McAdams) é a produtora de um modesto programa matinal à la Ana Maria Braga e, após sua emissora ser comprada por uma major, acaba sendo demitida pela nova diretoria. A insistência de Becky com currículos e ligações, enfim, lhe dá a oportunidade em um antigo show matutino de uma grande emissora. Entretanto, a situação de profunda decadência do programa e as perdas constantes de audiência pressionam Becky a arranjar uma solução mágica para levantar o moral da equipe e recuperar os índices de aprovação perdidos.


O dilema, enfim, é solucionado com a arriscada decisão de unir dois ícones da TV americana como hosts do novo formato do programa. A histérica ex-miss Arizona Colleen Peck (Diane Keaton), uma clássica apresentadora de diários matutinos une-se ao temido Mike Pomeroy (Harrison Ford), um âncora histórico do canal que, após cobrir guerras e eventos de valor jornalístico relevante para sociedade é enganado por uma falha contratual e acaba tornando-se um apresentador de um show de variedades de gosto discutível.


A salvação de Uma Manhã Gloriosa, enfim, reside na capacidade de seus protagonistas de garantir alguma empatia a seus personagens, visto que as atuações mantém-se, no mínimo, na média aceitável para os padrões de comédias românticas de Hollywood. Acompanhados pelo sem expressão Patrick Wilson (o namorado de Becky) e o icônico Jeff Goldblum (o chefe), o trio McAdams-Ford-Keaton garante alguma diversão, em especial a relação entre Becky e Pomeroy; que, de certa forma, é responsável por traduzir a curva dramática do filme.


A comédia romântica americana, nos últimos tempos, parece dividir-se em dois segmentos bastante precisos: as engraçadinhas, lideradas por atores verdadeiramente de comédia, como Adam Sandler e Ben Stiller, e os contos de fadas, geralmente passarelas de desfile para atrizes adoráveis e de beleza invejável, como Reese Witherspoon ou a própria Rachel McAdams. Apesar dos pesares e das atuações na média, Uma Manhã Gloriosa encaixa-se como um representante perfeito do segundo time: insosso, repetitivo e, é claro, palco das mais belas atrizes de Hollywood: sim, ainda há espaço para as mais belas atrizes de Hollywood. Um alento.

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