Está entrando em cartaz um thriller com uma proposta que, apesar de parecer original, já foi bastante batida no cinema mundial. Enterrado Vivo ("Buried", Espanha/EUA/França, 2010) é o segundo longa-metragem dirigido por Rodrigo Cortés, mas seu primeiro com grande projeção internacional.
Ao longo dos primeiros minutos, vemos apenas seu desespero com a situação, e começamos a ficar aflitos com ele. Eu não recomendaria uma sessão a uma pessoa claustrofóbica. Com uma fotografia extremamente minimalista e bem elaborada, as diferenças sutis na iluminação se tornam perfeitamente verossímeis. No começo, apenas a chama de um isqueiro, depois a luz azul da tela de um celular. Celular esse, aliás, que impulsiona toda a história.
É através dos telefonemas que vamos tomando conhecimento de como o personagem chegou ali, de seus antecedentes e até mesmo de sua relação com alguns colegas de trabalho. Através de pedidos óbvios de socorro e da pressão exercida pelo terrorista-sequestrador, os diálogos telefônicos nos guiam através dos 95 minutos de uma trama quase hitchcockiana em cujo final chegamos quase sem piscar ou respirar.
Alguns blocos mais extensos de texto e a repetição de certas ações, no entanto, podem ser um pouco cansativa para alguns espectadores. As várias críticas à guerra e ao imperialismo que foram embutidas no roteiro também chateiam um pouco. No geral, Enterrado Vivo é um bom filme, talvez aquele capaz de impedir que Ryan Reynolds seja lembrado apenas como "aquele cara das comédias românticas ruins que casou com a Scarlett Johansson e virou o Lanterna Verde". Veremos.
