sábado, 25 de dezembro de 2010

A Mente Vazia…

O Jardim do Diabo foi o primeiro romance escrito por Luis Fernando Veríssimo, sob encomenda de sua editora, e foi publicado pela primeira vez em 1988. Uma história curta e atraente que reúne elementos de thriller policial e de romances eróticos de banca de jornal através de uma estrutura narrativa metalinguística que simplesmente não nos permite desgrudar do livro antes de sabermos o final.



Aliás, o protagonista, Estevão, é um escritor que publica justamente esse tipo de livro barato com histórias de quinta categoria. Perneta, mora sozinho em um apartamento pequeno entulhado de livros que herdou do pai e quase nunca recebe visitas, a não ser da empregada, Maria, e da faxineira Lília. Tudo começa quando, em meio à criação de um próximo livro e a seu embate com o volume do rádio de Dona Maria, ele recebe a visita inesperada do Inspetor Macieira, como o conhaque.

Macieira foi até Estevão durante a investigação de um crime, no qual uma mulher fora morta e palavras em grego escritas na parede com seu sangue, exatamente do mesmo modo como o último assassino criado pelo autor agia com suas vítimas. Ao longo dos jogos de palavras trilhados entre os dois, e aos pedidos de silêncio ("- Dona Maria, abaixa o rádio!") nos vemos mergulhados em duas histórias paralelas: a do livro que lemos e a do outro livro, que está sendo escrito dentro da trama.


Enquanto as duas se misturam, nossas desconfianças acerca dos possíveis desfechos se desmancham, fazendo com que a surpresa do final continue guardada em seu lugar. O Jardim do Diabo é um exelente exemplo de como grandes autores são capazes de criar personagens e estruturas complexas através de uma linguagem simples e popular. Esse poderia ser apenas mais um romance de bancas de jornal, até segue a fórmula de alguns deles em certos trechos, mas Veríssimo o transformou em uma obra prima.



Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...