quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Inacreditável

Jean-Luc Godard é um dos maiores cineastas da história, é autor de grandes clássicos do cinema francês e foi expoente da Nouvelle Vague. Agora, passados exatos 50 anos de “Acossado”, sua obra mais reconhecida, o diretor lança um novo filme no circuito mundial. Film Socialism chega ao Brasil e os fãs do diretor podem ter uma certeza: a decepção é certa.



No filme, Godard nos mostra que não tem mais nada a dizer. “Film Socialisme” se passa em um navio, na qual o diretor tentou representar, de alguma forma, o mundo. No transatlântico há árabes, americanos, europeus, latinos, japoneses, enfim, tem de tudo. A única coisa que não tem é emoção. O filme não tem narrativa, nem história, nem personagem e nem propósito. Talvez o diretor quisesse apenas desmitificar esses grandes transatlânticos, que parecem ser repletos de atrações incríveis.


Porém, o filme não é uma tragédia completa. Godard ainda tem estilo. Ele ainda domina completamente a arte do cinema, ainda consegue revolucionar a linguagem. Vemos um verdadeiro show de planos. O diretor parece saber o ponto exato em que se deve colocar a câmera para absorver o máximo de beleza estética da cena. Nesse aspecto, Godard é (e sempre foi) imbatível. Em termos de linguagem, ele ainda é o melhor.


É difícil definir o filme, dizer o que ele é no final das contas. Talvez seja um documentário sobre o abismo que existe entre os acontecimentos fora e dentro do navio. O filme passa por cenas em que se exibe uma natureza magnífica, mostrando o mar e o por-do-sol, até momentos estranhos, relatando as festas dos passageiros. De qualquer forma, o filme não é bom. A conclusão que se tira dele é a de que o grande mestre do cinema francês não tem mais nada a dizer.

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