segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

FILOSOFILMES: Quero Sair Desse Túnel Do Terror

Filmes da Xuxa são um fenômeno: quase nunca originais, o roteiro sempre é mais ou menos (voltado para o menos), diversos erros de continuidade, etc . Mas TODOS, sem exceção, contam com um número absurdo de espectadores. Com Super Xuxa Contra o Baixo Astral (Brasil, 1988) não foi diferente, mais de dois milhões de pessoas foram ao cinema ver a loira dando uma de super heroína, enfrentando altas aventuras rodeadas de músicas e efeitos especiais típicos dos anos oitenta.



Xuxa é uma apresentadora de televisão que convoca baixinhos para colorirem muros pichados na cidade. Enquanto isso, Baixo Astral (Guilherme Karan), um ser demoníaco que vive nos esgotos decide se vingar da loira seqüestrando seu cachorro Xuxo. Ela sai em busca do cão, e conta com a ajuda de uma lagarta cigana cantora, Xixa.



O filme começa com uma cena que ficou eternizada na mente de muitas crianças dos anos oitenta: Xuxa em sua moto branca cantando o sucesso "Arco Iris". Logo nesta cena vemos o excesso de veiculações comerciais, pois praticamente durante toda a projeção você verá pôsteres e lojas de marcas famosas sendo mostradas de forma nem um pouco sutil, quase ofendendo a inteligência dos que assistem.


O roteiro é "frágil", assim como a história do filme como um todo, contando com clichês que até mesmo as crianças considerarão "batidos". Muita coisa não faz sentido, sendo o mais incômodo o fato do Baixo Astral ser um vilão pelo simples fato de ser mal, sem razão aparente. O excesso de lições de moral não convence nem os baixinhos de que é legal ser bom. Aliás, as roupas da Xuxa não são nem um pouco moralistas, abusando de shorts "sexys" que com certeza agradará os papais que precisam de um motivo para gostar do filme.


A parte técnica é sofrível em vários segmentos, sendo mais evidente na edição. Parece que o editor terminou seu trabalho no tempo mais rápido possível e esqueceu da continuidade das cenas. A parte da perseguição de motos na lanchonete tem um momento que o personagem "Rafa" está com capacete na cabeça e depois "magicamente" ele some, parecendo efeitos especiais do Chapolim Colorado. A atuação da Xuxa é típica "Xuxiana", mas felizmente o carisma da apresentadora supera sua interpretação.


Apesar de tudo, há pontos positivos. A expressão corporal de Guilherme Karan é ótima, convencendo como "vilão super malvado" sem cair no ridículo. Mesmo a Xuxa não tendo voz para cantar (algo que ela mesma reconhece), as faixas são divertidas e sem dúvida conquista as crianças, e quem sabe, alguns adultos também. Os efeitos especiais, muito mais que ultrapassados , foram ótimos para a época. Como dito anteriormente, há excesso de moralismo, mas  têm uma mensagem positiva para as crianças, ensinando valores da amizade, companheirismo e respeito. Outro fato notório é um filme brasileiro levar tantas pessoas para as salas de cinema,  já que na época o gênero pornochanchada estava em decadência e o cinema nacional praticamente era inexistente. Sem dúvida, a Xuxa e o Renato Aragão contribuíram de alguma forma neste seguimento, sendo de forma negativa ou positiva, dependendo do ponto de vista.


Super Xuxa Contra Baixo Astral é "trash" em quase todos os níveis, mas muitas crianças ficarão encantadas pelo carisma da apresentadora. Um filme bobo, daqueles que só os baixinhos sem nenhum pingo de maldade acharão perfeito. Apesar de tudo, diverte. Com certeza muitas pessoas que estão na faixa dos vinte e trinta anos assistirão o DVD com muita nostalgia e lembrarão que um dia já foram ingênuos o suficiente para achar este filme maravilhoso. Enfim, o filme é ruim, mas é bom.




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