sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Engatinhando Para a Fama

De forma bastante humanizada, O Garoto de Liverpool ("Nowhere Boy", 2009) retrata os primeiros passos de John Lennon para se tornar um dos maiores ídolos da história. Com uma família complicada, personalidade difícil e muitos sonhos, o músico parece ter nascido como um perfeito personagem e ser predestinado à fama. Sam Taylor-Wood dirige o filme com delicadeza, simplicidade e cuidado de um fã inteligente, que sabe onde está se metendo.

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O filme começa mostrando a forte relação entre John (Aaron Johnson) e seu tio George, que com poucas cenas acaba sofrendo uma morte súbita. O garoto passa , então, a ter uma complicada convivência com sua preocupada e rígida tia Mimi. A morte do tio também leva o garoto ao reencontro com sua mãe, Júlia. O contato faz com que ele entre em uma dolorosa busca por respostas. A proposta da diretora era formar no espectador a mesma consciência obtida pelo ex-Beatle em sua adolescência. Os momentos em que o filme faz parecer que existe uma relação quase incestuosa entre John e a mãe, além de um estranho clima amoroso entre ela e Paul MacCartney, nasceram de ideias muito bem trabalhadas e funcionam perfeitamente para transpor os sentimentos do protagonista. Mergulhamos em seu ponto de vista e compartilhamos de sua realidade pessoal.

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Com arte e música bem cadenciadas e a ótima opção de utilizar uma trilha relativa à época (e não ao cantor) o filme é leve e curioso. Mostra um jovem problemático, mergulhado em seu egoísmo. Um John Lennon distante do pacifista, que é fundamentalmente polêmico. Um adolescente que quer apenas aproveitar a vida e aprender a lidar com ela. A originalidade do projeto é louvável e o fato de ter dado tão certo torna ainda maior a força da proposta.

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Ainda que tenha sacadas ótimas, o filme peca em alguns aspectos. Os cortes perdem o ritmo em alguns pontos do filme onde fica clara a intenção de jogar com informações rápidas e não muito importantes. Ainda que seja uma grande sacada, a tentativa de reforçar uma produção que trata exclusivamente de John (não dos Beatles) extrapola em alguns momentos. Há preferência pelos conflitos familiares do cantor, o que não seria um erro caso conseguisse dar um contexto mais bem fundamentado para os outros núcleos. Independente destes pequenos deslizes, o filme é indispensável para os fãs de Lennon e dos Beatles, além de ser uma ótima escolha para todos os fãs de rock.

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