quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Teatro Com Cortes De Cinema

Em sua primeira aposta como diretor, o músico e compositor Oswaldo Montenegro utiliza as telonas para contar um pouco de sua própria vida. Segundo ele mesmo, não há pretensão de seguir carreira, apenas teve vontade de representar uma história de amor da qual jamais conseguiu se libertar. Léo e Bia, 2010, é uma tentativa de adaptação de teatro com algumas pitadas de cinema experimental.

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Nos anos 70, um pequeno grupo teatral de Brasília sonha em tornar-se famoso. Liderados por Léo, montam uma peça com a metáfora de Lampião como Jesus Cristo e tentam resistir à forte censura do período de ditadura. Sem sair em momento algum do palco de ensaios, o filme trata das relações de intimidade e problemas pessoais de cada um dos membros do grupo nos complicados anos de chumbo. O longa deixa clara a ideia de um mundo terrível do lado de fora e do alento encontrado nos ensaios. O galpão do grupo se tornou um refúgio onde tudo pareceria mais fácil e onde eles se tornariam mais fortes para enfrentar o que os esperasse do lado de fora... E de dentro também.

leoebia

Para uma primeira experiência na direção, Oswaldo até que se saiu bem. Uma equipe pequena e poucos custos (bancados todos pelo próprio diretor) foram suficientes para a produção dar certo. Uma fotografia muito boa, um texto bem montado, um clima envolvente e copiosamente metafórico. Ainda que a essência teatral possa recair como uma desculpa à impossibilidade de um filme mais bem elaborado e limite algumas atuações ao forçado, a produção consegue cumprir firmemente tudo ao que se propôs. A trama também tem a capacidade cativar e reavivar sentimentos de ternura e companheirismo até os minutos finais.

Divulgação-CINE-PE_Leo-e-Bia_03

Duas interpretações se destacam na obra: a de Paloma Duarte, que ganhou o prêmio de Melhor Atriz no Cine PE (Festival de Recife), interpretando o alterego de Madalena, ex-mulher de Oswaldo; e a de Françoise Forton, que trás um brilho a mais para a película com uma atuação forte de olhares marcantes e paranóia assustadoramente realista ao interpretar a mãe de Bia. A trilha, completamente composta por Oswaldo, acaba ficando bastante limitada, ainda que a interpretação terceiros consiga amenizar o problema. Se trata de um filme simples, de pretensões pequenas e extremamente pessoais que não deixa a desejar.

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