sexta-feira, 20 de abril de 2012

"Era elo, era pacto, era transa"

Um nome de livro e de filme; um nome tão grande para uma revelação ainda maior. É claro que você sabe quem é a Camila Pitanga, mas nunca a viu como está prestes a ver em Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios (Brasil, 2011). A atriz surpreende pela forma como se entrega a Lavínia, certamente a personagem mais densa de sua carreira até agora. Seu magnetismo em cena é tão grande que, não fosse pela maestria com que Beto Brant e Renato Ciasca dirigiram a bela adaptação do livro homônimo de Marçal Aquino, eu poderia assumir uma metonímia e dizer que o filme é a própria Camila.



No interior do Pará, em meio a danças típicas e sorvetes de açaí, há um triângulo amoroso. O pastor Ernani (Zecarlos Machado) divide sua esposa com o fotógrafo Cauby (Gustavo Machado). No vértice está Lavínia, uma mulher dividida entre seus dois salvadores. Um acreditou na sua recuperação e a livrou de seu passado sofrido; o outro liberta-a, faz aflorar sua selvageria – na cama, no chuveiro, entre uma fotografia e outra. Conforme diz Marçal Aquino em seu livro, uma mulher com a qual todas as vezes são a primeira, e dois homens que dariam um dedo, dois, todos os ossos, para arrancar o vestido que ela usa.


Por trás de um drama de amor sustentado pela poesia das palavras, imagens e ações, é nítida a sintonia da equipe. A história é única. O roteiro, adaptado em conjunto pelo autor do livro e os diretores, é perfeito. Os diálogos são cativantes. A fotografia é sustância até para olhos destreinados. Sem querer apelar para nacionalismos, é tão reconfortante assistir a algo tão bom produzido em território nacional, que um dos pensamentos que persistem na cabeça após o primeiro choque causado pela história é “eu quero fazer parte disso”.

Leia aqui a matéria com os depoimentos dos atores e do diretor Beto Brant!

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