
Se Roger Waters se via separado da plateia, nos vemos distantes da tela de projeção. Às vezes a gente se prende à “filmes mensagem” pela simples ideia passada. Hoje, porém, vamos falar sobre aquele tipo de película completa. Do gênero capaz de prender nossa atenção e coração da raiz às folhas. Eis mais um filme do circuito Alemanha, considerado por muitos críticos como o melhor do país nos últimos 10 anos (e eu modestamente concordo).
Em seu caminho para autodestruição, Cahit
Tomruk (Birol Ünel), após uma noite de bebidas pesadas, dirige seu carro até
bater violentamente em um prédio. Ele é então encaminhado para uma clínica
psiquiátrica onde é abordado por uma bela jovem, Sibel Güner (Sibel Kekilli), que
lhe pede em casamento simplesmente do nada.
Em busca de fugir de sua restrita família
mulçumana, Sibel tem tendência suicida e vê em Cahit as portas e janelas para
sua liberdade longe da opção da morte. Relutante, ele concorda com a união e os
dois passam a morar juntos. Logo problemas naturalmente surgem quando os dois finalmente
se apaixonam.
Dirigido e escrito por Fatih Akin, o filme é
uma obra obrigatória para os fãs de qualquer coisa. Daquelas histórias de amor
e violência, sentimentos duradouros e essa coisa tensa chamada destino. Contra Parede (“Gegen die Wand”, 2004)
seja talvez uma expressão fílmica e romântica do antagônico álbum do Pink Floyd,
o The Wall. Não pelo nome apenas, mas pela essência filosófica por trás da
superfície. Dentro de um relacionamento também criamos uma barreira invisível
entre nós e a pessoa amada, a diferença é o material usado. Uns criam grandes
muralhas de pedra cheias de obstáculos, outros apenas uma cortina de seda.
Estamos sempre separados até onde permitimos a movimentação alheia. Esse espaço imagético onde andamos quando queremos, e depois de apaixonados,
nenhum castelo abre as portas. É possível também bater nossa cabeça ou a do outro na parede, e então o mesmo sangue que amou agora dói. De um lado ou de outro, divididos ou unidos, esse filme você já deveria ter visto.