quinta-feira, 5 de abril de 2012

Roubam-se Maridos na Terra do Nunca

O quanto se pode ser ridículo enquanto se está perdido? Uma ghost writer patricinha, alcoólatra, mal resolvida e depressiva com problemas de identidade tentando se encontrar. É basicamente disso que trata o ondulante Jovens Adultos (Young Adult, EUA, 2011). Dessa vez, o diretor Jason Reitman ("Juno" e "Amor Sem Escalas") aposta nas dificuldades do amadurecimento pessoal para tentar falar da vida de um jeito simples, mas deixa a proposta escorrer demais.
   
Mavis Gary (Charlize Theron) é uma escritora de livros juvenis que deu certo na profissão. Isso pelo menos até seu casamento acabar e a moça sofrer com a falta de perspectivas de vida. É nesse contexto que ela recebe um convite por e-mail de um ex-namorado do colegial (Patrick Wilson) para que vá conhecer seu recém-nascido filho. Sentindo-se afrontada, Mavis volta à sua cidadezinha natal para encarar seu antigo namorico de escola, agora casado. O problema é que nossa heroína é completamente imatura e vive presa no tempo (inclusive escuta músicas de 80 em fitas k7 no som do carro).  A escritora acaba se envolvendo mais do que gostaria e volta a ser obcecada pelo ex-amor-eterno.  A história ganha força quando Mavis, que era superpopular, se depara com um antigo colega da escola (Patton Oswalt), que por sua vez era excluído socialmente. Nenhum dos dois conseguiu superar a adolescência. O item comum acaba nutrindo uma ligação intensamente estranha entre eles.


O diretor inicia o filme com belos takes, apostando na sua já conhecida característica de tornar o espectador íntimo da personagem. Ele explora peculiaridades da simplicidade cotidiana e da complexidade humana que fazem cada um de nós se sentir representado, variando momentos e intensidades. É partindo desse gosto intimista e leve, com uma trilha confortável e passiva, mesclando piadinhas modestamente certeiras ao drama taxado, que o filme começa a ganhar um tom moralista e sério. Essa suavidade vem em uma constante até que causa um choque, para terminar com uma nova quebra de moralismo e realidade.


Pela complexidade (contraditatoriamente) simplista percorrida pelo roteiro, o longa se torna um pigarro suave da vida. Fica impossível não ligar a história e as personagens a casos e pessoas que tivemos a oportunidade de encarar de perto. O conto da patricinha da escola que ficou presa no tempo e bateu de cara na vida nos atordoa e conforta. Por tudo isso, além da boa performance dos atores, o produto final é... interessante. Porém, não há nada de extremamente novo ou que faça suspirar. A história passa sem um ápice. As propagandas forçadas incomodam um bocado. O realismo torna a obra um tanto comum, simples. Jovens Adultos é um filme que deve fazer você ir ao cinema sem pressão, apenas para aproveitar uma história em um cantinho escuro. Ainda assim, é possível que o longa seja um ótimo entretenimento nas telinhas de TV.

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