sexta-feira, 13 de abril de 2012

Não Pago Pra Ver

Não importa como foi o seu primeiro contato com Área Q (2011, Brasil/Estados Unidos), sua reação certamente foi algo derivado da surpresa. Murilo Rosa e Isaiah Washington dividindo o mesmo cartaz; na classificação de gêneros, “nacional” e “ficção científica". Tudo não passa do incomum, até chegar à sinopse,  que mistura espiritismo e alienígenas. No mínimo, o filme vai arrancar de você um “what the f***???” – mas em português, óbvio, porque depois desse fiasco a valorização do cinema nacional deveria entrar para a pauta da Rio+20.


Há um ano Thomas Mathews (Isaiah Washington) perdeu o filho para uma luz branco-alaranjada. Quando ele finalmente resolve retomar a vida, coitado, seu editor o manda cobrir casos de aparições alienígenas no Ceará. Faz sentido se você estiver sob o efeito de ervas, cogumelos ou produtos de limpeza, e ainda piora: Thomas vai parar no aeroporto dos alienígenas, uma montanha que seu filho abduzido desenhou dias antes de ser dramaticamente sugado pela luz.


Como o roteiro é maroto, nosso protagonista-jornalista-norte-americano (mas que não é o Clark Kent) encontra Valquíria numa operação. Valquíria não tem a ver com o Tom Cruise, é Tânia Kalil, direto da novela para as telinhas de cinema numa tentativa de “WIB” (uma versão feminina de "MIB"). Valquíria não é affair do senhor Thomas Mathews (sem cenas de sexo, então) nem descobre que "a galáxia está no Cinturão de Órion". Ela é... digamos... mais um personagem. Assim como João Batista (o Murilo Rosa, não o primo de Jesus), que faz Thomas viajar no tempo enquanto lhe tranquiliza dizendo que o menino abduzido vai reencarnar na África. Esqueci exatamente onde, mas Thomas guardou as coordenadas do lugar sem precisar escrever na mão.


Eu falei em Rio+20... Bem, questões ambientais também são tratadas no filme – “questões ambientais” e todos os outros temas do universo; só faltou explicar que o sentido da vida é 42. Mas existe filme melhor em cartaz e que também trata da relação homem/natureza. A produtora errou no dia de lançamento do filme. Primeiro de abril caiu num domingo, mas eu teria feito este esforço só pela piada. Quanto aos atores, principalmente os que dão depoimento... Até meu pai, engenheiro, atuou melhor no meu curta-metragem de primeiro período da faculdade. Sério. E o diretor ainda diz que é a classificação de gênero que “diminui” o filme. Se pelo menos a diminuição fosse literal... Um curta-metragem seria mais fácil de assistir.

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