sábado, 21 de abril de 2012

O Livro Chega às Telas

Quando foi publicado em 2005, o livro de Marçal Aquino chamou atenção pelo título extenso. Hoje, sob os cuidados de Beto Brant e Renato Ciasca, a história finalmente estreia no circuito nacional.

Foto: Monalisa Marques
Leia a crítica do filme aqui.

Não foi por acaso o interesse de Beto Brant pelo livro de Marçal Aquino; o trabalho em dupla de 20 anos dos dois já rendeu 7 filmes. Quem mais o escritor, um dos expoentes da nova literatura brasileira, poderia cogitar para adaptar “Eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios”?

– Eu acompanhei o processo criativo do Marçal, ele sempre lia pra mim trechos do que escrevia. Ele publicou o livro em 2005, mas só conseguimos filmar em 2010. Eu, ele e Renato (Ciasca) viajamos para o interior do Pará e encontramos Santarém. Vimos que a cidade do livro poderia ser toda inventada ali, e então escrevemos a versão final do roteiro – conta o diretor Beto Brant.

Beto Brant | Foto: Monalisa Marques
O longa estreia nesta semana, mas já rendeu bons prêmios para a equipe. Foi eleito o melhor de ficção na Mostra Internacional de São Paulo e no Festival Cine Iberoamericano de Huelva. No Amazonas Film Festival, Zecarlos Machado ganhou o prêmio de melhor ator, e Camila Pitanga terminou o Festival do Rio do ano passado como melhor atriz. Para isto, a escolha da equipe foi feita com esmero; e a seleção dos atores não ficou para trás:

– Eu chamo atores que venham para contribuir, e não para me obedecer. O Zecarlos tem o dom da palavra de que precisávamos para o pastor, o Gustavo já havia trabalho comigo em “O Amor Segundo B. Shciamberg”. E a Camila tem essa coisa cabocla e está no auge. Ela se faz notar pela beleza, além de ser muito ideológica, comprometida com o cinema e com causas sociais – conta Beto.

Antes de filmar:
Para compor a personagem-mito do livro de Marçal Aquino, Camila Pitanga precisou mudar. Ler o livro foi o primeiro passo, mas obviamente não o suficiente:

Camila Pitanga | Foto: Monalisa Marques
– Eu virei uma antena parabólica de Lavínia. Dar conta dessa mulher não foi fácil, e eu trabalhei. Formei uma “videoteca Lavinial”, reuni imagens de mulheres que tivessem a ver com cada movimento da vida da Lavínia. Precisei estimular reações corporais que me levassem ou não às cenas. E tive dois dias de entrevista com mulheres internadas no Pinel, onde pude observar o modo de falar, as expressões e os gestos. Tudo isso até a filmagem, que são, na verdade, o último ensaio – conta Camila, cheia de humor.

O processo de criação de Gustavo Machado foi diferente. Durante os cinco meses anteriores às filmagens ele teve aulas de fotografia. Beto queria que as fotos fossem de Gustavo:

– A maioria das fotos que aparecem no filme fui eu que tirei. Fiz sessões com a Camila antes para me preparar. O mais difícil é que não havia diálogos escritos para a cena em que o Cauby fotografa a Lavínia, então eu precisei interpretar o fotógrafo experiente fotografando uma mulher que não é modelo. É exatamente o oposto da vida real! Eu estava com a mulher mais fotografa do Brasil, e tinha que dar conta.

Com tanta preparação e sintonia, os dois deram vida a momentos que não existem em nenhum outro lugar, nem mesmo no livro ou no roteiro.

– Nessa cena, foi tudo improvisação. A gente não combinou nada, a gente se arriscou ali, sentindo como os personagens fariam – lembra Camila.

Dinael Cardoso, Camila Pitanga e Gustavo Machado | Foto: Monalisa Marques

Ficou curioso? Nós já assistimos esse filme! 
Veja aqui o que achamos dele.


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