sábado, 28 de abril de 2012

O Pequeno Demônio Dentro de Nós



Hoje se fecha mais um ciclo. O último filme alemão a ser falado em nossa coluna de Cinema Europeu é talvez o mais conhecido dos cinco. Na primeira vez que o vi era meia noite, meus olhos mal se sustentavam contra o sono e minha vontade era de desistir de assisti-lo. Mas bastaram os primeiros minutos dentro daquela sala escura para todo meu interior sonolento ter um motivo para continuar acordado e bem atento.


Da tela apagada, para os primeiros sons e imagens em preto e branco. Uma voz masculina dita o tom de todo o filme, ela anuncia a vontade de tentar explicar o que aconteceu ao seu país, mas não garante com toda certeza a realidade do que está prestes a contar. Estamos na bucólica e fictícia vila de Eichwald, ao norte de uma Alemanha Pré Primeira Guerra Mundial. Uma série de acidentes começa a acontecer com enorme frequência e passa a perturbar os moradores do local. Agitando especialmente a mente do professor e narrador da história a investigar se há uma ligação entre eles e se são na verdade crimes. Um pequeno caos é instalado em um lugar que nunca viu nada além da rotina.


A Fita Branca (“Das weiße Band”, 2009) é dirigida e escrita pelo gênio austríaco Michael Hanake. Película dona de uma fotografia brilhantemente criada por Christian Berger e um elenco infantil de colocar inveja em qualquer criança da Disney.


Histórias como essas nos emergem em um universo de maldade natural e dentro de cada um de nós. Lembramos que somos cinza e não somente preto ou branco. Deixamos maniqueísmos de lado e abraçamos a complexidade. Afinal, entre o Céu e o Inferno existe o meio, esse lugar meio santo metade demoníaco onde todos nos nadamos e tentamos colocar a cabeça ao lado de fora para respirar.


E se pela Alemanha vai ter guerra, por que não fugirmos para a Irlanda? A terra dos leprechauns nos espera com pints de Guinnes e muita batata.
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