
Hoje se fecha mais um ciclo. O último filme
alemão a ser falado em nossa coluna de Cinema Europeu é talvez o mais conhecido
dos cinco. Na primeira vez que o vi era meia noite, meus olhos mal se
sustentavam contra o sono e minha vontade era de desistir de assisti-lo. Mas bastaram
os primeiros minutos dentro daquela sala escura para todo meu interior
sonolento ter um motivo para continuar acordado e bem atento.
Da tela apagada, para os primeiros sons e imagens
em preto e branco. Uma voz masculina dita o tom de todo o filme, ela anuncia a
vontade de tentar explicar o que aconteceu ao seu país, mas não garante com
toda certeza a realidade do que está prestes a contar. Estamos na bucólica e
fictícia vila de Eichwald, ao norte de uma Alemanha Pré Primeira Guerra
Mundial. Uma série de acidentes começa a acontecer com enorme frequência e
passa a perturbar os moradores do local. Agitando especialmente a mente do
professor e narrador da história a investigar se há uma ligação entre eles e se
são na verdade crimes. Um pequeno caos é instalado em um lugar que nunca viu nada
além da rotina.
A Fita Branca (“Das weiße Band”, 2009) é dirigida
e escrita pelo gênio austríaco Michael Hanake. Película dona de uma fotografia
brilhantemente criada por Christian Berger e um elenco infantil de colocar
inveja em qualquer criança da Disney.
Histórias como essas nos emergem em um universo de maldade natural e dentro de cada um de nós. Lembramos que somos cinza e não somente preto ou branco. Deixamos maniqueísmos de lado e abraçamos a complexidade. Afinal, entre o Céu e o Inferno existe o meio, esse lugar meio santo metade demoníaco onde todos nos nadamos e tentamos colocar a cabeça ao lado de fora para respirar.