Não é tarefa fácil escrever sobre um dos filmes mais marcantes da história. Um filme que, 40 anos após sua estreia, ainda é assunto constante em papos de cinéfilos mundo afora. Uma obra prima que reside na memória coletiva e cuja música-tema é capaz de emocionar muito marmanjo. O Poderoso Chefão ("The Godfather", EUA, 1972), em suas três partes, marcou não só a História, mas é um marco principalmente na grandiosa carreira do diretor Francis Ford Coppola. Apesar de seu enorme talento, muitos dizem que ele jamais se superou, a não ser dentro da própria trilogia.
A primeira parte da saga da famiglia Corleone foca nos últimos meses de reinado do "padrinho" Don Vito Corleone (Marlon Brando) até a passagem do poder para um de seus filhos, Michael (Al Pacino). Através de suas quase 3 horas praticamente épicas, acompanhamos suas alegrias, tritezas e preocupações sem nos cansar, e sempre nos sentido em casa, como se fôssemos parte da família. As tensões se alternam com momentos de leveza num ritmo perfeito, nos conduzindo através dos acontecimentos como se assitíssemos a um vídeo de família extremamente privado. Coppola nos torna íntimos de todos, nos faz rir e chorar com eles. Nos torna um pouco italianos.
Sem dúvidas um dos elementos que garante tamanha qualidade do filme é o roteiro, desenvolvido em parceria com o próprio Mario Puzo, autor do livro que inspirou os filmes (e sobre o qual você pode ler AQUI). Adaptações literárias são feitas desde a invenção do cinema ficcional e, desde a primeira delas, ouve-se reclamações quanto à fidelidade em relação à trama original. Bem, ponto para os produtores: há jeito melhor de garantir essa "fidelidade" do que convidado o próprio autor para adaptar sua obra?
Não seria difícil extender esse texto indefinidamente falando sobre os mais diversos aspectos do filme, mas é inegável que O Poderosos Chefão dispensa comentários superficiais e como esse post não vai se tornar um livro, vamos encerrar por aqui, com algumas curiosidades:
- Apesar de ser considerado sua obra prima, o filme quase não foi dirigido por Francis Ford Coppola, tendo seu nome sido cogitado apenas após a recusa de dois outros diretores (e ele só não foi demitido durante as filmagens porque ninguém mais queria assumir a direção).
- Os produtores também não queriam Marlon Brando no papel principal, nem o então desconhecido Al Pacino como seu filho (mas Brando acabou ganhando um Oscar pelo papel).
- Entre os atores que participaram de testes de elenco estão Robert Redford, Jack Nicholson, Dustin Hoffman, Matin Sheen, Mia Farrow, Robert DeNiro e, acreditem, Sylvester Stallone.
- Aliás, DeNiro chegou a ser escalado, mas foi "trocado" por Al Pacino com outro estúdio (e mais tarde também ganhou um Oscar pela interpretação do jovem Vito Corleone na Parte II).