quarta-feira, 21 de março de 2012

O Mito Maluco Beleza



O Maluco Beleza, a Metamorfose Ambulante, o Pai do Rock Brasileiro. Muitos são os títulos para o mito Raul Seixas. Muitas são as histórias que povoam o imaginários dos fãs, brasileiros que se chocaram pelas roupas, letras e maluquice desse baiano que mudou a música nacional. O documentário Raul: O Início, o Fim e o Meio (Brasil, 2011), de Walter Carvalho, mostra a trajetória do menino simples, lá da Bahia, que se transformou no Elvis tupiniquim. E que, como seu ídolo americano, nunca vai morrer.


As letras autobiográficas de Raul Seixas permeiam todo o documentário. Com uma extensa seleção de músicas que o próprio Raul fez sobre a sua vida, Walter Carvalho não teve dificuldades para conduzir a história. Porém, isso não diminui em nada o mérito do diretor ao contar a trajetória de um músico do jeito que se deve: a partir de sua obra. A cada fase na vida de Raulzito, sua música se transformava, ganhando novos contornos, mas sem perder a essência.


A crítica social, o humor e a teatralidade marcaram não só as letras de Raul como também a sua própria vida. Os depoimentos de amigos como "o mago" Paulo Coelho, ex-mulheres e fãs, como o fundador do Raul Rock Club, Sylvio Passos, ajudam a delinear a personalidade complexa do homem e do mito. Excêntrico, simples, careta, maluco, humilde, egocêntrico... São tantos os adjetivos usados para descrever Raul Seixas, mas nenhum parece suficiente para contemplar o gênio que ele foi.


O filme em alguns momentos derrapa e fica meio lento. No entanto, logo retoma a atenção do espectador. Das lágrimas de Kika Seixas ao mago Coelho e o seu "causo" com a mosca de Genebra (uma parábola do próprio Raul), o documentário é uma montanha-russa de emoções para os fãs e aqueles que, sabe se lá Deus porque, não são fãs. A essas pessoas, o filme é mais do que obrigatório. Ser brasileiro é, em parte, ser fã de Raul e o filme ajudará a completar essa lacuna na vida. Duvido que alguém não saia da sessão apaixonado.


O baiano magrelo e maluco que queria ser Elvis Presley acabou conseguindo seguir o mesmo caminho do ídolo: estrelato, fama e decadência diante do vício. Raul Seixas conseguiu alcançar seu maior sonho. E, desse sonho, o Brasil conheceu o rock'n roll gingado, soube o que é ter um ídolo daqueles que, como Elvis, nunca morrem.

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