segunda-feira, 26 de março de 2012

Memórias de Família

Sabe aquele filme que te faz pensar durante dias depois que o assiste? Que você precisa de um tempo para processar todas as informações dele? Pois este é o caso de Still Walking (Japão, 2008), dirigido por Hirokazu Kore-Eda, o mesmo de “Ninguém Pode Saber” e “After Life”.

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Ryota e Chinami são irmãos e estão por volta dos 40 anos de idade. Ambos resolvem levar suas famílias para a casa de seus pais, para recordar a trágica morte do primogênito há 15 anos atrás. Embora a espaçosa casa seja reconfortante e imutável como a comida caseira da mãe, todos mudaram de alguma forma ao longo dos anos. A família vai relembrar momentos engraçados, tensos, tristes, e alguns segredos serão revelados.

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Curioso que Kore-Eda foge do padrão tradicional japonês de melodrama, fazendo com que a história pareça bastante natural e realística. Alguns dramas do passado não são explícitos de forma clara, mas detalhes são colocados para o espectador concluir o que realmente aconteceu, dando margem a discussões e interpretações diversas. O final também chama atenção, por ser profundo e paradoxalmente simples, sendo que muitos vão parar para pensar em sua própria vida com as palavras de Ryota.

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Por algum motivo o filme lembra Era uma vez em Tóquio de Yasujiro Ozu. Os personagens passam inúmeras mensagens através de expressões faciais, e até mesmo pelo tom de voz. Não se pode confiar somente no que os personagens dizem, o que exige uma sensibilidade mais apurada de quem assiste o longa metragem. A diferença entre os dois diretores é que Ozu colocava os personagens ainda mais introspectivos.

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Still Walking é mais um trabalho fantástico de Hirokazu Kore-Eda. Mesmo com o evidente baixo orçamento, Kore-Eda consegue prender o espectador com a história e o carisma dos personagens. É um filme cult, e obrigatório para os fãs do cinema-arte.

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