sexta-feira, 2 de março de 2012

Drummond Está de Óculos

Sabe aquela sensação engraçada de quando vemos algo fora do contexto ao qual estamos acostumados? É o primeiro impacto que Carlos Drummond de Verdade causa em quem está acostumado a ver Sergio Mota em salas de aula como professor de literatura e cinema brasileiro ou em assinaturas de textos da coluna de teatro aqui do LixeiraDourada. Mas as emoções não param por aí. Fazendo jus ao incentivo às artes recebido, do próprio poeta, ainda durante a adolescência, Sergio provoca tudo, menos imparcialidade, com uma atuação afiada, inspirada e que, segundo ele, está com os dias contados.

Fotos: Apresentação no campus da PUC-Rio

Sem se render à melodia corriqueira dos recitais, Sergio transita de um poema a outro, num roteiro inteligente. Como quem veste os óculos de Drummond ou empresta os próprios ao poeta, ele faz a própria releitura dos poemas e empresta novos ares a antigas histórias. Com a ajuda de Pedro Carneiro Silva, que acompanha as palavras com a eloquência das teclas de seu piano, vemos os poemas de Carlos Drummond de Andrade tomar forma, contados por um personagem simpático com um livro nas mãos.


O espetáculo foi inspirado pelas conversas pelo telefone com Drummond, e sua primeira montagem foi ainda durante a graduação de Sergio em Letras na Uerj. Agora, sob a direção de Joice Niskier, a peça tornou-se praticamente outra: mais simples e com menos movimentos, embora ainda carregue o mesmo nome. Não estivesse a figura de bronze, sentada de costas para o mar de Copacabana, fadada à imobilidade, certamente aplaudiria a homenagem de pé.

CARLOS DRUMMOND DE VERDADE
3, 4, 10 e 11 de março
Sábados às 21h, Domingos às 20h
Midrash Centro Cultural
Rua General Venâncio Flores, 184, Leblon. Rio de Janeiro-RJ




Você encontra os textos de Sergio Mota já publicados no Lixeira Dourada aqui.
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