Acreditamos ter o poder de valorizar as pessoas pela capa e esperamos estar sempre certos. Julgamos sem nos importar com a “verdade”, maquiavelicamente deixamos nossa construção tomar conta da realidade. Muitas vezes esse poder de categorização visual recaí sobre nós, somos rotulados sem nos dar conta. O terceiro filme do Ciclo Inglaterra a ser analisado é uma jornada pela vida de uma bestial criatura, suas limitações e quanto as conclusões, deixe-as para o final do filme.
Tiranossauro (“Tyrannosaur”, 2011) é escrito e
dirigido por Paddy Considine. Vencedor de 13 prêmios, entre eles o BAFTA na
categoria Melhor Estreia de um Roteirista, Diretor ou Produtor Britânico. A
película conquistou plateias no Festival de Sundance do ano passado e no último
Festival do Rio. É considerado por muitos como o melhor filme do Reino Unido de
2011.
Noroeste da Inglaterra, Leeds. O mergulho praticamente sem volta do desempregado e viúvo Joseph (Peter Mullen) é registrado de perto por lentes atentas. Um homem atormentado por fantasmas do passado e surtos aleatórios de violência. Um dia após um de seus ataques, ele se refugia numa loja de roupas para caridade. A dona é a bondosa cristã Hannah (Olivia Colman). A relação estranha entre essas duas almas mostra como cada um atribui valores muito diferentes aos seres humanos.
Às vezes a agressividade é a resposta para
nossos medos. Criamos a figura de fera para esconder o pequeno cordeiro dentro
de nós. Ou simplesmente encontramos na violência a única opção. A vida então
aparece e nos dá esperança na forma de uma pessoa. O que fazer? Como proceder? Manter-se
firme no caminho de autodestruição ou se deixar tocar pela possibilidade de
mudanças. O orgulho entra no meio, o amor, as lembranças. Somos deixados à
deriva com pensamentos de todas as naturezas.
Tiranossauro é uma história que pode ser lida de diferentes formas, talvez com os olhos ou com o coração. Dessas desventuras absurdas do dia-a-dia. Aprendemos com os personagens principais como somos mais comuns do que imaginamos e/ou queremos, há tantos outros por aí como nós. Uma fábula sobre superar o passado e também o presente.