Depois de Scorcese dizer que tudo bem fazer filmes em 3D, chegou a vez de Win Wenders tentar sua mão com Pina (Pina, Alemanha/França/Reino Unido, 2011). Um documentátrio póstumo sobre a dançarina que revolucionou o balé moderno. O longa não só é uma declaração de amor à dança como também um registro de um dos mais excêntricos mestres da câmera.
Eu finalmente descobri quem era Pina Bausch. Embora o nome todo da coreógrafa permaneça em elipse o filme inteiro, seu trabalho fala mais alto. O documentário trabalha nessa linha de ausência. Com poucas imagens de arquivos, mostra-se pouco a dançarina, deixando o trabalho de retratar quem ela era para sua companhia. Os orfãos de diretora aparecem para falar do trabalho e da falta que ela faz. Eles aproveitam também para dar uma palinha.
Outra parte fundamental no documentário são as danças, que falam por si só. Parece que Win Wenders encontrou sua cara-metade em outra arte. A bizarrice dos dois se complementa. As coreografias se misturam com os movimentos de câmera fazendo de tudo uma dança só. Dificilmente você vai achar um balé contemporâneo que supere esse filme.
A direção é a segunda estrela da noite. Como primeira incursão do diretor no 3D, ele demonstra maestria em lidar com a nova tecnologia. Muito mais do que fazer algo bonito, ele consegue que a terceira dimensão fique com a cara do Win Wenders. O que é a única ressalva do filme: Se você gosta dele pode se esbaldar, mas caso contrário, não tente abusar da sua boa vontade com o diretor. Ele é o mesmo de sempre e nunca vai mudar.
Talvez mais pra poucos do que para uns, o documentário Pina não esconde que não é tão acessível por seu tema e direção ousada. Mesmo assim, o longa promete gratificar os corajosos que estão aptos a adotar a experiência. Sem falar que é um dos usos mais inteligentes do 3D desde Hugo. Há quem acredite que esta tecnologia já já vai entrar em declínio, mas novos sopros permitem ver que ela ainda tem muito a oferecer.
