quarta-feira, 14 de março de 2012

Bebendo na Bica

“Empty your mind, be formless, shapeless. Be Wather.” A frase é de ninguém menos que o lendário lutador e ator Bruce Lee. É com ela que o diretor Pablo Croce começa a contar a história de um brasileiro. Anderson Silva - Como Água (Like Water, 2011 – Brasil/EUA) é um documentário arrumado por quatro roteiristas e o primeiro passo para a mais nova lenda da pancadaria zen conseguir seu lugar nas telonas (lembrando que ele já disse que pretende virar ator).


A história, o personagem e a própria temática de luta e esporte já condensam, por si, uma emoção tipicamente ficcional. Porém, o trabalho simples da produção deixa muito a desejar em um filme que tinha tudo para se tornar ótimo. Nosso herói, Anderson “Spider” Silva, é divertido, tranquilo, menos musculoso que os outros lutadores e, mesmo assim, vence qualquer adversário. Isso, sem esquecer, claro, da voz fina. Ele aparece na película como um justiceiro independente, que não deve nada a ninguém. Com meio caminho andado, o documentário fica no meio do caminho...


O Filme não se dispõe a contar toda a trajetória do peso-médio de 36 anos, que teve uma incrível sequencia de invencibilidade. A produção foca apenas em um evento, que está entre os mais emblemáticos de sua carreira. O longa acompanha Anderson Silva entre abril e agosto de 2010, momento em que ele viaja para treinar pela primeira vez nos Estados Unidos e defender pela sétima vez seu cinturão lutando contra o típico bom moço provocador norte-americano Chael Sonnen. A narrativa se perde em uma introdução bastante fraca sobre a vida e carreira do brasileiro e muda de foco rapidamente para estacionar na luta, quebrando bastante o ritmo.


Para quem acompanha o UFC, o documentário nada mais é do que um making off brutalmente lapidado. A questão é que o longa tenta transformar forçosamente a prática esportiva em um duelo de vida ou morte, super dramático, com dor, superação e redenção. A legião de roteiristas (da qual o próprio treinador de Anderson faz parte) se limita a uma edição apimentada dos fatos. Logo, o filme reflete a tentativa da organização do UFC de transformar a luta em um espetáculo desmedido e vender as partidas. Não vou dizer que a história não empolga, mas isso é mérito apenas do esporte. Estamos diante de um documentário com cara de TV, duração de cinema cinema e tendências duramente impostas. A história é boa, o filme deixa a desejar.

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