sábado, 15 de junho de 2013

A primeira a gente nunca esquece




ANA PAULA LAPORT


Era uma vez uma rainha recalcada e invejosa... Er... Quer dizer...

Há mais de duzentos anos, dois irmãos alemães (Jacob e Wilhelm Grimm), muito interessados em descobrir a origem história e linguística de seu país, começaram a estudar e pesquisar narrativas populares e lendas antigas passadas pela tradição oral. Eles compilaram um bando delas, de várias regiões, e as publicaram. As histórias ficaram tão famosas que foram reproduzidas diversas outras vezes, em livros, filmes e peças de teatro.


Em 1923, os irmãos Roy Oliver e Walt Elias (pois é, só dá irmão aqui) fundaram um estúdio de animação que se tornou um dos maiores de Hollywood. E Branca de Neve e os sete anões (“Snow White and the Seven Dwarfs”, 1937, EUA) foi o primeiro longa-metragem animado (e colorido) produzido, mais de dez anos depois, no recém-inaugurado Walt Disney Studios. A adaptação foi quase toda feita com atores, que representavam a cena enquanto um bando de desenhistas tentava reproduzir os movimentos no papel, tipo modelos vivos!


Branca de Neve e os Sete Anões levou três anos para ser concluído e chegou ao Brasil um ano depois do lançamento nos Estados Unidos. O orçamento inicial, de US$ 150 mil, passou a ser um número risório diante do US$ 1,5 milhão gasto no projeto (um valor astronômico para a época). As sobrancelhas de todos os anões, menos as de Feliz, foram inspiradas nas de Walt Disney. Os artistas quiseram homenagear (ou zoar) seu rosto expressivo. O trabalho foi indicado ao Oscar de melhor trilha sonora e também chegou a receber um premio honorário do Academy Awards: uma estatueta em tamanho normal e outras sete miniaturas, representando os personagens principais do filme.


Mas há muitas versões da mesma história. Sobre a origem do nome Branca de Neve, por exemplo, há quem diga que a rainha estava grávida e espetou o dedo em uma roseira na bancada de uma janela negra, então, quando viu o sangue pingar na neve, desejou que sua filha tivesse “cabelos negros como o ébano, pele branca como a neve e rubra como o sangue”. Outros dizem que a rainha furou o dedo costurando. Dizem também que Branca de Neve não morreu envenenada, mas sim, engasgada com a maçã, e que tinha uma irmã. E há ainda versões mais antigas que não tem nada de glamour. Mas acredita-se que essa história “se passou” na Idade Média (isso explica porque o rei nunca está por perto).


O que não se pode negar é o sucesso desse clássico, que encanta gerações há quase 80 anos. Tudo bem que ela não é a princesa mais querida entre as meninas, mas merece respeito só pelo tempo de casa, e porque a música do seu filme serviu de inspiração para a música tema da Disney.
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