
Para entender porque Tarzan (1999, EUA) é tão bom você precisa observar motivos bem antes do filme em si. Na bíblia dos animadores, “The Animators Survival Kit”, o prefácio pelo autor Richard Williams (diretor de Uma Cilada para Roger Rabbit) faz um comentário elogiativo a Mogli, O Menino Lobo. O comentário consiste em elogiar a habilidade da Disney de conseguir capturar os movimentos com perfeição: a cobra rastejava como uma cobra; o tigre gingava como um tigre; e um menino que era um lobo, era um lobo.
Em Tarzan o mesmo conceito é aplicado à décima primeira potência. O realismo dos personagens e a beleza dos cenários fazem deste o filme mais estéticamente impressionante da disney desde o Rei Leão. O balanço do felino está mais redondo que nunca, mas quem realmente rouba a cena é o Tarzan. Você vai acreditar que um homem pode se balançar por cipós e deslizar por troncos. Até a forma com que ele anda normalmente, ou quando tenta andar como os outros humanos, é de um realismo absurdo. Tudo isso porque o nível de detalhes empregado para fazer com que o Rei da Selva seja convencente vai te deixar embasbacado, te leva até a crer na premissa (um pouco absurda, mas perfeitamente plausível) do filme.
A história do Tarzan já foi vivida no cinema basrante vezes, tanto que já é bastante conhecida. Mas o filme da Disney mostra partes não contadas da história como o navio dos pais de Tarzan, ou a melhor casa na árvore do mundo. Tudo isso embalado no embrulho do estúdio com direito a animais fofinhos pra fazer o alívio cômico do filme e uma história pungente sobre família e encontrar o seu lugar no mundo. Quer uma trilha sonora marcante? A Disney chamou Phil Collins. Quanto as músicas, não são pessoalmente do meu gosto. Mesmo assim, a forma com que canções como “Two worlds, one family” e “You’ll be in my heart” ficam na sua cabeça mesmo com anos sem ver o filme são um testamento à sua qualidade.