
ANA PAULA LAPORT
Confesso que fiquei bastante tempo pensando em como
começaria a escrever essa crítica, como resumiria em poucas palavras a
genialidade dessa mulher que colocou todo mundo no chinelo com seus textos
políticos filosoficamente incríveis. Resolvi ser direta e sem babar ovo: a
atriz merece um Oscar e o filme é ótimo. Pra quem conhece a história dessa
mulher genial, vale a pena ver o longa Hannah
Arendt (Alemanha, 2013) e confirmar a sua genialidade. Pra quem não a conhece,
vale a pena ver também para conhecer.
A diretora Margarethe Von Trotta – uma ex-atriz alemã que há
anos dirige e escreve filmes sobre mulheres e guerras – foi muito feliz ao
consagrar a sua volta ao cinema com Hannah
Arendt. O longa mostra como foi para Hannah, pesquisadora política e professora
universitária, escrever um artigo sobre o julgamento do nazista Adolf Eichmann,
tenente-coronel da SS, em Jerusalém, para a The New Yorker.
Numa mescla brilhante de jornalismo político e reflexão
filosófica, Hannah descreve Eichmann como um funcionário medíocre, incapaz de
raciocinar por seus atos, deixando claro que ele não era uma pessoa
necessariamente má. Só que essa conclusão gerou uma repercussão muito grande
entre todos, inclusive seus amigos e colegas de trabalho, e principalmente os
judeus, que a acusaram de renegar suas origens.
Não há nenhuma surpresa ou clímax durante o filme. O enredo
é claro e definido desde o começo. Claro que há características típicas de uma
obra alemã, mas o que chama mesmo a atenção do espectador é a interpretação
impecável da protagonista Barbara Sukowa. A cena dela fazendo um pronunciamento
na faculdade para os alunos e professores é digna de aplausos.
Duas coisas particularmente me chamaram muito a atenção: a
quantidade de cigarros que a atriz fuma durante o filme e a excelente captação
de som. Os diálogos são muito bem pensados também. Mas não fique aí pensando “ah,
que chato, um filme cult” porque ele não tem nada de boring. E, se não gosta de nazismo e Segunda Guerra Mundial, veja pela
atuação da Barbara Sukowa, pra depois, se ela for indicada ao Oscar, não se
arrepender de não ter visto.
