quinta-feira, 27 de junho de 2013

A genialidade tem curvas femininas


ANA PAULA LAPORT
Confesso que fiquei bastante tempo pensando em como começaria a escrever essa crítica, como resumiria em poucas palavras a genialidade dessa mulher que colocou todo mundo no chinelo com seus textos políticos filosoficamente incríveis. Resolvi ser direta e sem babar ovo: a atriz merece um Oscar e o filme é ótimo. Pra quem conhece a história dessa mulher genial, vale a pena ver o longa Hannah Arendt (Alemanha, 2013) e confirmar a sua genialidade. Pra quem não a conhece, vale a pena ver também para conhecer.


A diretora Margarethe Von Trotta – uma ex-atriz alemã que há anos dirige e escreve filmes sobre mulheres e guerras – foi muito feliz ao consagrar a sua volta ao cinema com Hannah Arendt. O longa mostra como foi para Hannah, pesquisadora política e professora universitária, escrever um artigo sobre o julgamento do nazista Adolf Eichmann, tenente-coronel da SS, em Jerusalém, para a The New Yorker.


Numa mescla brilhante de jornalismo político e reflexão filosófica, Hannah descreve Eichmann como um funcionário medíocre, incapaz de raciocinar por seus atos, deixando claro que ele não era uma pessoa necessariamente má. Só que essa conclusão gerou uma repercussão muito grande entre todos, inclusive seus amigos e colegas de trabalho, e principalmente os judeus, que a acusaram de renegar suas origens.


Não há nenhuma surpresa ou clímax durante o filme. O enredo é claro e definido desde o começo. Claro que há características típicas de uma obra alemã, mas o que chama mesmo a atenção do espectador é a interpretação impecável da protagonista Barbara Sukowa. A cena dela fazendo um pronunciamento na faculdade para os alunos e professores é digna de aplausos.


Duas coisas particularmente me chamaram muito a atenção: a quantidade de cigarros que a atriz fuma durante o filme e a excelente captação de som. Os diálogos são muito bem pensados também. Mas não fique aí pensando “ah, que chato, um filme cult” porque ele não tem nada de boring. E, se não gosta de nazismo e Segunda Guerra Mundial, veja pela atuação da Barbara Sukowa, pra depois, se ela for indicada ao Oscar, não se arrepender de não ter visto.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...