segunda-feira, 17 de junho de 2013

Clássica, em todos os sentidos


Até hoje uma princesa loira de olhos azuis estampa cadernos e lancheiras, é tema de fantasias de Halloween e de festinhas de aniversário, e tem um castelo que é o principal símbolo da Disney e atração chave na Disneylândia. Cinderela (Cinderella, Estados Unidos, 1950) levantou a companhia no pós-guerra, que não fazia longas desde "Bambi", de 1942. A animação ganhou, ainda, duas continuações (de 2002 e 2007, lançadas diretamente em vídeo) e um live action a caminho.

Cinderela é boa, gentil, honesta, bonita, humilde, talentosa e amiga até dos ratinhos. Mas também é submissa, ótima dona de casa e futura esposa e mãe (para alegria de seu futuro sogro, o rei). Os valores são os da década de 1950 e se de alguma forma a princesa persiste até hoje no imaginário infantil é por sua vocação de marca e símbolo universal, a princesa que canta com os passarinhos e realiza sonhos - muito além da própria história. A animação, a trilha sonora e até mesmo o desenvolvimento da trama podem parecer datados, mas Cinderela, a personagem, tem um quê de eterno, mesmo que represente tão pouco das crianças de todo o mundo.


A história é bem conhecida, do clássico de Charles Perrault: Cinderela, filha muito amada de um pai muito rico, ganha uma madrasta e duas irmãs. Quando o pai morre, a madrasta se revela maldosa e hipócrita e faz da menina sua criada. Suas filhas também a maltratam e a chamam de Gata Borralheira. Porém, um grande baile na corte mudará o destino da menina e, com a ajuda da sua fada madrinha, seus sonhos serão realizados. Recentemente se falou muito de como os contos de fada originais, da tradição falada, eram mais violentos e assustadores, tão diferentes da adaptação da Disney - mas se o longa tem um conteúdo tão patriarcal e moralista, é um fruto de sua época, assim como o são as princesas aventureiras e atrevidas de hoje. O sonho de Cinderela, o principal motivo do filme, é se casar - nem importa com quem: o príncipe só aparece lá pelos 50 minutos de filme e, mesmo assim, pouco fala ou se faz presente.


Apesar disso, Cinderela passa a mensagem fundamental de que com bastante fé (e um pouquinho de magia) os sonhos daqueles que merecem podem se realizar, mesmo os de uma gata borralheira. Esse lema permeia qualquer filme da Disney e também um pouquinho da crença de ser criança. Talvez seja isso o eterno de Cinderela: a atmosfera da magia, da crença na bondade e o Bibbidi-Bobbidi-Boo.
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