sexta-feira, 14 de junho de 2013

Diário Filmado

Lucia Murat é uma cineasta que leva muito de sua vida pessoal para as telas do cinema. Presa e torturada nos porões da ditadura, a experiência sempre lhe serviu de matéria prima para os filmes. E Lúcia já fez vários trabalhos sobre esse tema: "Que bom te ver viva" e ótimo "Quase dois irmãos" são só alguns exemplos. "Uma longa viagem", o seu último filme, é um documentário sobre a vida de seu irmão mais novo e Lúcia continua a mexer no seu álbum de família neste A Memória Que Me Contam (Brasil, 2012). A protagonista interpretado por Irena Ravache é, inclusive, um óbvio alter ego da cineasta. Até a vestimenta é parecida.


Neste drama biográfico com um toque sobrenatural, acompanhamos a história de vários amigos ex-guerrilheiros que se reencontram em uma sala de hospital por causa da morte iminente de uma companheira dos tempos de chumbo. O filme é cheio de boas intenções e até tem os seus momentos, mas o problema maior é que o roteiro não tem consistência e se resume apenas a um monte de divagações sobre a época da ditadura. E, convenhamos, esse tema já está mais do que batido no cinema nacional. 


As atuações vacilam e o filme não chega a emocionar. Algumas passagens são até bem forçadas e piegas mas, por se tratar de um projeto tão pessoal, é provável que a diretora tenha deixado a emoção falar mais alto. É um bom filme, mas provavelmente só será lembrando pelos parentes e amigos de Lúcia Murat. A diretora já foi mais feliz abordando o tema em "Quase dois irmãos" e até no musical mais descompromissado "Maré - nossa história de amor". 


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