O talento do jovem diretor Xavier Dolan é praticamente inconstestável. Aos 23 anos, ele já conseguiu méritos que muitos cineastas não tiveram por toda uma vida. "Eu Matei Minha Mãe" , seu maravilhoso filme de estreia, foi premiado no prestigiado Festival de Cannes e escolhido como representante do Canadá para concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2009. Um feito extraordinário para um menino que, além de dirigir, também escreveu e protagonizou seu próprio longa. Agora, três anos após seu debut, ele já está em sua terceira obra. Laurence Anyways (Canadá, 2012) é, sem dúvidas, o mais pretensioso de seus filmes. E o pior de todos, vale ressaltar.
Os erros do filme já começam em sua extensa duração. Nada justifica as imensas (quase) três horas de duração para contar a história de um professor que, do nada, resolve mudar de sexo. Gay assumido, Xavier Dolan sempre põe a questão homossexual em seus filmes. O problema é que, dessa vez, ele tentou dar um passo maior que as pernas. Tanto o roteiro de "Amores Imaginários" quanto o de "Eu Matei Minha Mãe" possuíam um delicioso teor autobiográfico, fator que cedia muita autenticidade aos seus longas. Em Laurence Anyways, Xavier Dolan parece não saber muito sobre aquilo que está falando. Nada no filme convence e o diretor perde muito tempo com esteticismos totalmente desnecessários.
O roteiro tenta pregar que o amor ultrapassa todas as barreiras, mas os atores Melvil Poupaud e Suzanne Clément não parecem um casal de verdade. É difícil acreditar que eles estão realmente apaixonados. O filme também conta com vários personagens e núcleos totalmente dispensáveis. No fim da contas, fica a sensação de que Dolan quis se mostrar mais maduro e não conseguiu. O frescor e as neuroses da juventude ainda são o seu porto seguro.
À propósito, Laurence Anyways também serve para provar que ninguém faz um filme-travesti melhor que Pedro Almodóvar. É melhor Xavier Dolan voltar para os seus temas e chiliques da juventude.
