domingo, 18 de novembro de 2012

Do Fim Até O Começo


Filmes com vários núcleos ou construídos de forma não-linear viraram uma espécie de moda a partir dos anos 2000, especialmente depois que "Crash - No Limite" faturou um Oscar de Melhor Filme (parece que basta ter um homenzinho nu dourado e careca pra virar moda, né?). Na verdade, esse tipo de estrutura narrativa tem nome e já era explorada por alguns cineastas mais ousados desde que o cinema ficcional narrativo existe. No texto de hoje, vamos deixar (bem) de lado a fofura dos três primeiros para falar sobre o filme que não só é lembrado por muitos como um dos melhores roteiros não-lineares de nossa época, como também foi o responsável por mostrar ao mundo um dos diretores mais aclamados dos últimos tempos. Amnésia ("Memento", EUA, 2000) é o segundo filme de Christopher Nolan e um verdadeiro exercício cinematográfico.


Ao contrário do que o título nacional sugere, o filme conta a história de um personagem que não sofre de fato de amnésia, mas sim da perda da memória recente, não sendo capaz de recordar nada além dos últimos 10 minutos. Este é Leonard Shelby (Guy Pearce), um obstinado marido em busca do homem que estuprou e matou sua esposa (Jorja Fox). Devido a sua condição física, ele carrega sempre uma câmera Polaroid e uma caneta, para fotografar rostos e lugares e anotar os acontecimentos importantes do seu dia, e tatua notas sobre aqueles fatos que não podem ser esquecidos. Em sua busca por vingança, ele conta com a ajuda (ou não) da garçonete Natalie (Carrie-Anne Moss) e do misterioso Teddy (Joe Pantoliano).


O mais interessante do filme é que sua trama é extremamente simples, mas estruturada sobre uma narrativa reversa de uma maneira absolutamente complexa. A primeira cena que assistimos é, na verdade, o final da história, e tudo vai nos sendo contado assim, de trás pra frente, até um certo ponto do filme em que essa "linha" principal começa a ser intercalada por cenas destacadas em preto-e-branco, as quais mais tarde se conectam perfeitamente com o restante dos blocos. E se eu contar mais alguma coisa corro o risco de me enfiar em um mega spoiler do qual vocês nunca me perdoariam.


Bem, concluindo: estima-se que o filme tenha custado cerca de 5 milhões de dólares e ele está técnica e artisticamente equiparado a qualquer superprodução hollywoodiana (e até muito superior a algumas). O elenco traz excelentes atores que já tinham um trabalho consideravelmente reconhecido: Guy Pearce já tinha chamado alguma atenção em "Priscilla, A Rainha do Deserto" (1994), Jorja Fox tinha passado três anos nos corredores de "Plantão Médico" (1996-1999) e Joe Pantoliano e Carrie-Anne Moss tinham acabado de bombar em "Matrix" (1999). Ou seja, nada com um bom roteiro (e ótimos produtores) pra trazer aquela super estrela pra trabalhar no seu filme low budget.

Ah, e uma dica final: evitem assistir com aquele amigo que não presta atenção no filme e aí não cala mais a boca um segundo porque não está entendendo, pode não dar muito certo… e até a semana que vem com o incrível Quero Ser John Malkovich.
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