Texto escrito por JOSÉ EDUARDO ZEPKA como “Colunista Convidado” para a coluna EuroCine.
O titular da coluna, D.M. RANGEL, estará de volta em dezembro.
O titular da coluna, D.M. RANGEL, estará de volta em dezembro.

O Balão Vermelho ("Le Ballon Rouge", França, 1956) compõe uma alegoria acerca das descobertas de funcionamento do mundo social a partir do olhar infantil. Essas descobertas vão operar um salto forçoso da criança para a vida adulta, de modo a estruturar um conjunto de códigos a serem seguidos. O protagonista, no decorrer da narrativa, é inserido a uma normativa que a sociedade espera, sendo obrigado a se desapegar de sua visão particular de mundo, bem como reavaliar seus valores. O balão, nesse sentido, representa seu estado livre, puro (saturação extrema do vermelho technicolor), infantil e criativo que precisa ser tolhido, pois numa sociedade burguesa capitalista que pensa em relações de ordem e causalidade, um elemento fora da “planilha” é temeroso para manutenção de seu status.
O protagonista aos poucos percebe como é o mundo a partir das experiências de interação social (ônibus, escola, igreja). Embora esses espaços remetam a uma questão publica ou comunitária; as pessoas, ao contrário, se mantêm individualizadas e autônomas - reproduzem uma visão de mundo pragmática, produtiva e sem nenhuma espécie de humanismo. A posse do balão o impossibilita de frequentar certos espaços, onde só a “maturidade” legitima sua condição de permanência. Ódio, inveja, intolerância e individualidade (em seu sentido mais negativo) são apresentados de modo corriqueiro. A fraternidade (cor vermelha representativa do filme), um dos pilares do estado moderno francês, deixou de ser um constituinte da identidade desse povo.
A escola impõe uma visão de mundo monolítica ao menino, mas esse não a compartilha, o que lhe acarreta constrangimentos pela inadequação. Sua inocência aos poucos vai sendo fragmentada por atos terceiros que fabricam artificialidades de conduta generalistas. Uma suposta civilidade é imposta, como se todos por determinação amadurecessem de forma homogênea. A falha desse método é verificada pela sorte de pequenos arruaceiros que desfilam a barbárie pelas ruas, aludindo ao equivoco do sistema. Essas crianças, salvo pela falta de filtros da idade, agem de forma impulsionada. A violência que se verifica nelas é semelhante à praticada pelos adultos, a ideia é a mesma, só a forma que mudou.
Em dado momento, o menino percebe que para conservar algumas de suas características é preciso burlar o sistema, dissimular a presença do balão. Para tanto, o menino tenta mascarar sua natureza, o que se prova catastrófico tanto no meio dos adultos quanto no das outras crianças. Nesse sentido, para haver sua coabitação no mundo, o símbolo da infância, o balão, precisa ser aniquilado. Mas não seriam os adultos os verdadeiros dissimuladores da estória? Como que artificializando a vida ao máximo com regras sobre o que é certo e errado (para ter controle) até nos atos mais ordinários. A igreja, por exemplo, que na teoria seria o lugar democrático por excelência, não admite a presença do menino com o balão. Mesmo a metafísica precisa de um código “racional” (controle) para regê-la.
Com a destruição do balão e sua consequente inserção à força num “modus operandi”, o menino resolve fugir (morrer?). Não tendo “maturidade” para viver nesse mundo, ele parte para uma nova perspectiva da realidade.
O protagonista aos poucos percebe como é o mundo a partir das experiências de interação social (ônibus, escola, igreja). Embora esses espaços remetam a uma questão publica ou comunitária; as pessoas, ao contrário, se mantêm individualizadas e autônomas - reproduzem uma visão de mundo pragmática, produtiva e sem nenhuma espécie de humanismo. A posse do balão o impossibilita de frequentar certos espaços, onde só a “maturidade” legitima sua condição de permanência. Ódio, inveja, intolerância e individualidade (em seu sentido mais negativo) são apresentados de modo corriqueiro. A fraternidade (cor vermelha representativa do filme), um dos pilares do estado moderno francês, deixou de ser um constituinte da identidade desse povo.
A escola impõe uma visão de mundo monolítica ao menino, mas esse não a compartilha, o que lhe acarreta constrangimentos pela inadequação. Sua inocência aos poucos vai sendo fragmentada por atos terceiros que fabricam artificialidades de conduta generalistas. Uma suposta civilidade é imposta, como se todos por determinação amadurecessem de forma homogênea. A falha desse método é verificada pela sorte de pequenos arruaceiros que desfilam a barbárie pelas ruas, aludindo ao equivoco do sistema. Essas crianças, salvo pela falta de filtros da idade, agem de forma impulsionada. A violência que se verifica nelas é semelhante à praticada pelos adultos, a ideia é a mesma, só a forma que mudou.
Em dado momento, o menino percebe que para conservar algumas de suas características é preciso burlar o sistema, dissimular a presença do balão. Para tanto, o menino tenta mascarar sua natureza, o que se prova catastrófico tanto no meio dos adultos quanto no das outras crianças. Nesse sentido, para haver sua coabitação no mundo, o símbolo da infância, o balão, precisa ser aniquilado. Mas não seriam os adultos os verdadeiros dissimuladores da estória? Como que artificializando a vida ao máximo com regras sobre o que é certo e errado (para ter controle) até nos atos mais ordinários. A igreja, por exemplo, que na teoria seria o lugar democrático por excelência, não admite a presença do menino com o balão. Mesmo a metafísica precisa de um código “racional” (controle) para regê-la.
Com a destruição do balão e sua consequente inserção à força num “modus operandi”, o menino resolve fugir (morrer?). Não tendo “maturidade” para viver nesse mundo, ele parte para uma nova perspectiva da realidade.