
Há poucas semanas, (duas, pra ser mais exato) já falei de um filme escrito por Charlie Kaufman, mas não resisti e vou falar de mais um hoje, e novamente de um que aborda questões relacionadas à mente e ao subconsciente. Dessa vez, porém, o roteiro foi dirigido por Spike Jonze (o mesmo de "Onde Vivem Os Monstros"). O longa em questão foi lançado há mais de 10 anos e era um grande hit na época, todo mundo que gostava de cinema precisava assistir, mas foi sendo esquecido aos poucos conforme o tempo passou. Estou falando de Quero Ser John Malkovich ("Being John Malkovich", EUA, 1999), um dos filmes mais nonsense de todos os tempos.
Craig (John Cusack) é um títere (uma pessoa que trabalha com marionetes) e é casado com Lotte (Cameron Diaz). Obviamente ele não ganha dinheiro suficiente para ajudar muito em casa, e acaba sendo bancado pela esposa que é balconista em um pet-shop. Pressionado a arrumar um emprego "de verdade", ele acaba indo trabalhar como arquivista na peculiar Lester Corp, que ocupa o andar 7½ de um prédio em Manhattan. (Não, eu não digitei errado, pra conseguir chegar nesse andar, os funcionários precisam dar uma pancada no painel do elevador enquanto ele passa entre o 7º e o 8º andar.)
Como se já não estivesse estranho o suficiente, enquanto trabalha em seu escritório de 1,5m de altura, Craig descobre um porta escondida atrás de um dos arquivos e, é claro, passa por ela para ver o que tem lá dentro. Acontece que ele acaba caindo dentro da mente do famoso ator John Malkovich (brilhantemente interpretado por… ele mesmo) e descobrindo que a tal porta da 15 minutos de acesso livre àquele "mundo". Quando o tempo acaba, no entanto, o visitante é "desovado" na beira da rodovia para New Jersey.
Craig vê nessa descoberta uma oportunidade de evoluir como títere (e eventualmente ele acaba conseguindo controlar Malkovich). A visita de Lotte faz com que ela reavalie todo o seu estilo de vida até então. E quando ele conta para sua colega Maxine (Catherine Keener), ela logo vê uma oportunidade de ganhar dinheiro e eles começam a cobrar US$200 por uma visita à mente do ator. É claro que em um dado momento ele começa a perceber que tem alguma coisa estranha e a lutar contra quem quer que esteja tentando controlá-lo, fazendo com que o esquema vá por água abaixo.
Por mais que seja estranhíssimo, o filme é de uma genialidade ímpar, tanto no roteiro quanto na direção e todos os atores parecem, de fato, estar fazendo uma visita às performances sempre incríveis de John Malkovich, atuando tão bem quanto ele. Sem dúvidas uma das melhores produções dos anos 90.
Só para encerrar com uma breve mudança de assunto, vocês já repararam como o John Cusack já fez dúzias de filmes indie? Mas não importa, semana que vem a gente parte pra uma dupla-dinâmica do cinema: Matt Damon e Ben Affleck em Gênio Indomável.