terça-feira, 20 de novembro de 2012

Ser ou Não Ser



Um filme capaz de provocar sensações inversamente proporcionais em inúmeros espectadores. Uns o chamam de belo, outros de escandalizador e ainda têm aqueles que o julgam equivocado. XXY (Argentina, 2007) da diretora argentina Lucía Puenzo é um deles. Recebeu diversos nos festivais por onde passou, como o Goya de Melhor Filme Estrangeiro de Língua Espanhola, o da Semana da Crítica em Cannes, Melhor Filme no Festival de Bangkok.



O longa mostra a história de Alex, interpretado por Inés Efron, um adolescente portador da cromossomopatia Síndrome de Klinefelter. O rapaz apresenta genitálias dos dois sexos, ou seja, é um hermafrodita. Esse dilema dificulta a definição da sua orientação sexual, já que seu aspecto físico (fenótipo) é quase andrógeno. A trama se adensa a partir do momento em que surge um outro adolescente e este se apaixona por Alex, sem saber que ele é hermafrodita e até mesmo que poderia ser um homem.


Lucía Puenzo trata este assunto polêmico, até mesmo um tabu, de forma suave, mas sem perder o tema de vista. A relação de Alex e com o outro adolescente é uma confusa trama amorosa, o que reflete muito bem o dilema do filme, ele é ela ou ela é ele? Vale ressaltar que, apesar de haver um relacionamento entre pessoas do mesmo sexo, não se trata de um filme cuja temática seja o homossexualismo. Não se sabe, ao certo, qual o sexo de Alex, uma que além de apresentar órgãos dos dois sexos, ainda tem os aspectos físicos ambíguos.


O que gerou tanta polêmica em torno deste filme é o fato de que o portador da Síndrome de Klinefelter (XXY) não apresenta tais características. Ela se manifesta em pessoas do sexo masculino e causa atraso linguístico e motor, além de problemas escolares. O desenvolvimento mamário também ocorre, no entanto trata-se de um homem – não aparenta ser um andrógeno. Estas e outras questões foram levantadas não na América-latina, mas na Europa.


O fato é que XXY é um ótimo filme. E que, na verdade, toda essa polêmica só ajudou a divulga-lo. Agora, basta o espectador assisti-lo e tirar suas próprias conclusões.
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