terça-feira, 6 de novembro de 2012

O que será do futuro?



Conta a história que, por volta do ano de 1962, o cartunista argentino Quino foi convidado por Miguel Brascó para trabalhar numa campanha publicitária de eletrodomésticos. Ela circularia no meio impresso argentino e seria feita por histórias em quadrinhos. Assim, nasceu os primeiros esboços daquela que seria a principal personagem dos quadrinhos da América-latina. A campanha naufragou, mas a personagem não morreu. Algumas adaptações foram feitas e, com isso, estreava, no jornal Clarín: Mafalda.



A contragosto do próprio Quino, nos primeiros anos da década de 80 foi realizada uma série de longas e médias dessa menininha “antenada” e preocupada com as questões políticas e sociais da sociedade moderna. Assim nasceu O mundo de Mafalda (“El mundo de Mafalda”, 1981, Argentina), produzido por Daniel Mallo y los dibujos de Jorge Martin. La animación, que no tiene uma linha cronológica é composta por várias historietas que, ao final, compõem o universo particular de Mafalda.


Assistimos uma série de questões pertinentes à sociedade moderna como a posição da mulher numa sociedade machista, o desalinhamento da educação entre as diferentes parcelas da sociedade, o pensamento acéfalo do extremismo capitalista, entre outros. Percebemos essa crítica ácida em discursos como “Como sempre, apenas coloco um pé na terra e a diversão acaba” ou na fala de Susanita “não sei para que ir a escola, se a única coisa que quero da vida é casar e ter filhos”. Sem dúvida, Mafalda está tão ácida e, ao mesmo tempo, tão crua com os seus “por quês” sobre os aspectos culturais que a abraçaram, quanto nas tirinhas de Quino.


É um filme bem interessante, apesar das histórias não terem um laço cronológico. Mas o que vale aqui são os pensamentos e as questões levantas por Mafalda e seus amigos. Manolito e seu simbolismo do imperialismo burguês. Susanita e seu egocentrismo... O Mundo de Mafalda é um exercício de civilidade.
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