
Um dos pontos que fascina o cinema do outro lado do mundo, mesmo o comercial, é a não obrigatoriedade do final feliz. Isso não significa que os finais em geral são trágicos, tudo vai depender do andamento da história, e também da concepção mais realística e menos fantasiosa do que seria o “final feliz”. Love Phobia (Coréia do Sul, 2006), tinha tudo para ser apenas mais um longa metragem romântico , mas o desenrolar da trama nos traz questionamentos profundos e o diferencia das história do gênero.
Num dia ensolarado, um jovem rapaz chamado Jo Kang conhece uma curiosa jovem, vestida com uma capa de chuva amarela. Jo Kang instantaneamente se torna amigo de Ari, e cai imediatamente no amor com a bela e estranha jovem - mas depois de algum tempo ela desaparece! 10 anos depois, Jo Kang está no ensino médio. Um dia, Ari através de seus contatos pede para se encontrarem novamente. Embora não tenham visto um ao outro há uma década, eles passam um tempo juntos, e o amor entre eles começa a crescer mais uma vez. Mas então, Ari desaparece mais uma vez, partindo o coração de Jo Kang. Por que isso sempre acontece? Será que ele pode fazer algo por ela?
Como é dedutível pela sinopse e pelo título do longa metragem, a jovem guarda algum segredo dentro de si que a faz ter medo de amar. O medo de viver este sentimento em parte vem pelo sentimento de culpa e também da rejeição que ela poderia ter do grande amor da vida dela, ao mesmo tempo em que ela não consegue esquecê-lo, e vice-versa.
Este longa metragem resume bem a cultura asiática em relação aos próprios sentimentos: são muito contidos, com uma enorme dificuldade em se expressar graças ao excesso de timidez, e o medo de machucar o próximo com palavras. Do que adianta omitir a verdade, se ela existe? Às vezes é melhor soltar uma notícia bombástica e saber a reação do outro, a esconder durante toda uma vida algum segredo que te angustia pela indecisão e pelo sentimento de estar enganando o outro, ao mesmo tempo em que se frustra por não ter coragem de se expressar.
Love Phobia é um ótimo filme graças a seu roteiro criativo, com muitos pontos previsíveis e outros bastante inesperados. O desfecho é muito surpreendente, mas uma faca de dois gumes: quem gosta de um pouco de fantasia vai adorar, mas quem busca somente um drama bastante "palpável", se decepcionará. Infelizmente os outros pontos não se destacam tanto: a atuação é “passável”, a trilha sonora também, e a fotografia idem. Mesmo assim, quem gosta de um longa metragem pela história, precisa assistir.