quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Contraponto do Possível

Os britânicos sempre nos trouxeram a nata da espionagem, dessa vez é “O Espião Que Sabia Demais”. Sem MI6 ou Moneypenny, ele representa uma outra levada para o gênero com gentlemans cuja arma mais poderosa são as línguas. O filme é cinema inglês do início ao fim, infelizmente, isso pode representar um gosto adquirido mais facilmente pra uns do que pra outros.


Primeiramente, existe uma dúvida que precisa ser sanada: este filme não tem nada a ver com o clássico de Hitchcock. A semelhança no título não passa de uma infelicidade da tradução. O roteiro se passa no fervor da guerra fria, quando o serviço secreto inglês precisa descobrir a fuinha infiltrada na sua organização. A partir daí, o fio da trama se tece até se emaranhar como o fio de headphone. Não demora muito até você começar a fazer uma intensa ioga mental. É tudo muito interessante, o único problema é você ser atingido na cabeça pela pergunta “quem se importa?”. Por melhor que seja o roteiro, é uma falha estrutural que impede que você se mantenha interessado em toda essa intriga nacional.


O ritmo lento do filme também não ajuda a manter o interesse. Enquanto Ethan Hunt está se pendurando de prédios no cinema ao lado, você está preso em um thriller intensamente cerebral. Não estou preterindo um filme ao outro, trata-se de cinemas diferentes. Porém, “O Espião que sabia demais” exige um tipo mais difícil de absorção. Não é para todos, e é difícil dizer se o resultado final valeu a pena.


O que não é de se dizer que o filme não tem algumas ressalvas. A fotografia está precisamente executada, não é necessariamente aquele filme de encher os olhos, mas é repletos de toques sutis que reforçam a ambiance. O elenco também é da melhor patente. Gary Oldman e Tom Hardy são rostos que você vê em abundância como no trailer do novo 'Batman'. No entanto, é estranho ver o vencedor do Oscar Colin Firth tão poucas vezes.


É difícil acreditar que um filme com um potencial tão grande tenha caído no lado ruim do que se propunha. As ações que não falam por si só e a interminável repetição de informações queriam representar um requinte de estilo. Infelizmente toda essa pretensão torna o filme tedioso, e até um pouquinho insolente.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...