sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Luz no fim do… Arco-Íris?

Quando Charles Möeller e Cláudio Botelho anunciaram a montagem de Judy Garland - O Fim do Arco-Íris, as pessoas que conseguem levantar só uma das sobrancelhas, em desconfiança, o fizeram. Afinal, a dupla dinâmica do teatro musical brasileiro fez seu nome contemplando o público jovem com espetáculos já consagrados na Broadway. Embora nem sempre mudanças sejam para a melhor, o domínio de uma nova faceta da dramaturgia musical resultou em um aprimoramento do gênero no Brasil.



Todo mundo conhece a Dorothy de sapatinhos vermelhos e tijolinhos dourados, mas você não faz ideia de quem seja a Dorothy que engole pílulas com bebida. A peça conta a decadência da atriz de “O Mágico de Oz”, Judy Garland, ao se aventurar na última empreitada de sua carreira: uma temporada na boate inglesa Talk of the Town. A história é tão pesada quanto parece, e o teor ácido do texto não ajuda a vislumbrar esperança para a situação da atriz. O conflito interno se torna palpável enquanto ela cede aos vícios e é forçada a se apresentar noite após noite.


O escritor não hesitou em lançar mão de um dos recursos mais usados em construções de narrativas: as figuras antagônicas do anjinho e diabinho. Funciona bem em Hollywood, e funciona bem aqui. Os dois principais personagens que contracenam com Judy têm funções muito bem demarcadas quando se trata de corrigi-la ou afundá-la ainda mais. O pianista-gay Anthony, muito bem interpretado por Gracindo Júnior, representa uma geração de homossexuais apaixonados pela atriz. Já o marido de Judy, que embora apresente um caráter dúbio no início, à medida que a história se desenvolve, se torna mais clara sua posição de oponente da protagonista.


Por melhor que a narrativa esteja, um musical como esse não seria nada sem seus números musicais. Com um acervo tímido mas poderoso de músicas imortalizadas pela atriz, a peça promete um encantamento mesmo pra quem só conhece “Over the Rainbow”. Principalmente por representar uma nova etapa para os musicais brasileiros, o fim do arco-íris é um lugar bom. É algo que não tenta se adequar aos moldes da Broadway, mas tenta, pela força de sua dramaticidade, alcançar o mesmo êxito.



JUDY GARLAND - O FIM DO ARCO-ÍRIS
Em cartaz até 12 de fevereiro. Quintas às 18h, sextas às 21:30h, sábados às 21h, e domingos às 20h.
Ingressos entre R$ 80 e R$ 100. Bilheteria no local das 15h às 20h.
Teatro Fashion Mall
São Conrado, Rio de Janeiro

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