
Um filme sempre reflete um pouco da cultura de seu país de origem, por mais que cada diretor tenha seu estilo. E é neste ponto que Last Life in the Universe ( 2003 Tailândia / Japão ) surpreende. Clichês? Fórmulas prontas? Final esperado? Esqueça! Esse é diferente de tudo que você já viu.
Um homem japonês misterioso, obsessivo-compulsivo e suicida que vive em Bangkok, na Tailândia, é jogado, junto com uma mulher tailandesa através de uma trágica corrente de eventos. Ele é um doido por organização que mantem seus pratos lavados e seus livros cuidadosamente empilhados e categorizados. Ela se veste como uma desleixada, fuma maconha e nunca junta nada do chão. Entretanto, é uma combinação que de alguma forma funciona. Vagarosamente e divertidamente mais é revelado sobre o homem japonês e o porquê vive em Bangkok.
Ele é o filme que todo cineasta gostaria de ter no curriculum. O espectador até prevê o que vai acontecer, mas é surpreendido com algo totalmente inesperado que faz todo o sentido para a trama sem parecer forçado e nem melodramático. Um trabalho brilhante do roteirista e do diretor, que também conseguiram transmitir todo o carisma dos personagens, em especial a menina tailandesa.
Assim como A Casa Vazia, os dialogos têm mínima importância, e as músicas aparecem apenas para a ambientação em raros momentos. O objetivo é prestar atenção nas imagens e refletir sobre as mensagens que o filme traz, sendo que a grande maioria (ou todos) precisarão assistir mais de uma vez para a total compreensão da trama e suas filosofias.
Last Life in the Universe é um filme pesado, seja na hora do humor (negro) ou no drama, mas sem apelar para recursos cinematográficos. É cult sem ser pretensioso, muito menos chato. Inteligente e sensível, é um longa para a vida toda.