quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Dragões e Suas Tatuagens

Está entrando em cartaz o novo filme do diretor David Fincher. Depois do superestimado "A Rede Social", ele nos traz mais uma adaptação literária, desta vez baseada no primeiro dos três best seller suecos da série Millenium, de Stieg Larsson. Millenium - Os Homens Que Não Amavam As Mulheres ("The Girl With The Dragon Tatoo", EUA/Suécia/Reino Unido/Alemanha, 2011) chega repleto de expectativa e prometendo disputar o posto de "filme do ano". Infelizmente os 90 milhões de dólares gastos neste remake não foram suficientes para superar a versão sueca, de 2009, no conjunto da obra, mesmo esta tendo custado míseros 13 milhões.


É claro que, como em qualquer produção hollywoodiana, o mínimo que podemos esperar é boa qualidade técnica, e nesse ponto Millenium não desaponta. Com efeitos de tirar o fôlego e sequências de ação que nos fazem ter sobressaltos na poltrona do cinema, o filme acaba pecando nos excessos e perdendo um pouco do ritmo extremamente cinematográfico que o livro já tinha e que foi mantido na adaptação sueca. O roteiro (que você pode ler AQUI, em inglês) é muito bem resolvido, mas também tem suas falhas, o que pode facilitar para dispersar a atenção do público.


Curiosamente, o que poderia ser o ponto mais crítico da obra acaba passando batido: a alteração do desfecho da história gerou polêmica desde seu anúncio na pré-estreia mundial, mas o novo final não deixa em nada a desejar em relação ao original literário e só deve desagradar ao fãs mais intransigentes. A escolha de Daniel Craig para o papel principal deu um quê de '007 suecado' ao filme e, no geral, a preparação do elenco é uma piada. Com um justificável mix de atores anglófonos e suecos, a mistura de pronúncia passaria batida de não fosse o caso de alguns deles forçarem um ridículo falso sotaque. Outro ponto a menos para Fincher.


Como um todo, Millenium não deixa muito a desejar. Em se considerando a filmografia de David Fincher, no entanto, fica difícil compreender como um diretor outrora tão talentoso se permitiu mergulhar nesse tipo de produção medíocre e nem um pouco inovadora, principalmente dada a riqueza da obra usada como base. Mas hão de ser unânimes as opinões quanto à trilha sonora de Trent Reznor (do Nine Inch Nails) e Atticus Ross, que é sem dúvidas o maior acerto no filme e que, por render um texto inteiro só para ela, foi abordada tão superficialmente neste.

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