quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A vida como ela é


É difícil resumir a história de O Som ao Redor (Brasil, 2012) em uma sinopse realmente satisfatória. O filme, assim como a vida, é todo construído de pequenas sutilezas e pequenos acontecimentos. Em sua estreia nos cinemas, Kleber Mendonça Filho consegue criar um belo panorama da vida dos moradores de um bairro nobre de Recife. O Som ao Redor é, sem dúvidas, o filme nacional mais instigante dos últimos anos e, não por caso, vem sendo ovacionado ao redor do mundo. Foi até citado pelo New Work Times como um dos melhores filmes de 2012.


Não adianta ficar divagando muito sobre o longa, O Som ao Redor é aquele tipo de filme que você precisa simplesmente assistir para tirar suas próprias conclusões. O longa abre espaço para muitas interpretações e as teorias, com certeza, ficarão martelando em sua cabeça por um bom tempo.


Em uma época em que tudo é muito gratuito, Kleber Mendonça Filho consegue nos atingir com a sua pura simplicidade. A cena da reunião de condomínio surpreende pela total exposição de uma mesquinharia (e crueldade) que é tão comum ao nosso dia-a-dia. O Som ao Redor é um filme que fala sobre a vida e todas as mesquinharias que aparecem camufladas em nossa aparente tranquilidade diária.


Kleber Mendonça Filho cria um longa consistente que consegue mesclar gêneros e que soa mais naturalista do que muitos reality shows.  Seu filme se assemelha muito com o recente "Trabalhar Cansa", um outro excelente título brasileiro que passou em Cannes, mas foi menos festejado (e menos visto) que esse aqui. Infelizmente.


O elenco, que mescla atores profissionais com amadores,  tem dois destaques mais pulsantes: Maeve Jikings e Yuri Holanda. Além do experiente Irandhir Santos (de "Tropa de Elite 2"), um ator que vem emendando um filme atrás do outro. Dois dias após o término das filmagens desse longa, ele já estava trabalhando com Cláudio Assis no provocante "A Febre do Rato". O Som ao Redor é um filme que está pronto para ganhar o mundo e ainda deve trazer muitos prêmios para o Brasil. Desculpem o termo, mas só uma imbecilidade justifica o que aconteceu no último Festival de Gramado: ao invés de premiarem O Som ao Redor, os jurados do evento preferiram coroar o infantilóide "Colegas" como o melhor filme da mostra. Mais uma prova do gosto duvidoso dessa decadente festival de cinema.

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