quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Tarantino em Ótima Forma


Um dia, o diretor mais criativo da história do cinema resolve homenagear aquele que é o gênero norte-americano por excelência. Foi assim que Quentin Tarantino deixou de lado mais uma vez a Madonna, as passagens bíblicas que não existem e os Royales with Cheese e foi parar no Velho Oeste. O resultado? Django Livre ("Django Unchained", EUA, 2012) é simplesmente sensacional.


O filme conta a história Django (Jamie Foxx), um escravo que acaba conhecendo o caçador de recompensas alemão Dr. King Schultz (o sempre incrível Christoph Waltz). Schultz está em busca dos irmãos assassinos Brittle, e somente Django pode levá-lo a eles. O pouco ortodoxo Schultz compra Django com a promessa de libertá-lo quando tiver capturado os irmãos Brittle, antigos proprietários de Django, vivos ou mortos. Nessa jornada, os dois acabam também na busca por Broomhilda (Kerry Washington), esposa de Django, que está em Candyland, uma plantação cujo dono é Calvin Candie (Leonardo DiCaprio). Ao explorarem o local com identidades falsas, Django e Schultz chamam a atenção de Stephen (Samuel L.Jackson), o escravo de confiança de Candie.


Django Livre é uma primorosa colagem moderna dos westerns spaghetti de Sergio Leone e Sergio Corbucci. As três horas do longa passam como se fosse um segundo de tão impressionante que é a película. É difícil encontrar um defeito porque estamos por demais extasiados com a maravilha cinematográfica que é o filme.


Das referências a si mesmo - um cara lê a Bíblia enquanto espanca uma escrava e uma discussão sobre buracos de olhos em capuzes quase atrasa uma chacina - às referências aos filmes de faroeste - a música da abertura e a aparição de Franco Nero, o "primeiro" Django - são de enlouquecer qualquer cinéfilo. Tarantino tem o dom natural de escrever roteiros primorosos e diálogos sensacionais. O filme flui, nada parece forçado , quando você se dá conta, não dá mais para fugir da magia desse tal de cinema quando ele é bem feito desse jeito.


Eu fico aqui imaginando se o Spike Lee tem alguma ideia do que ele está perdendo. Se o Taratino realmente ofendeu os negros em seus filmes com suas piadas, isso é outra história. Em Django Livre, não há desrespeito aos negros, não há banalização da escravidão. As cenas de tortura não são engraçadas, muito pelo contrário. São desesperadoras de tão reais e é isso que ele mostra: como a escravidão foi terrível, cruel, sem sentido e absurda.


Da abertura aos tiros sanguinários, das piadas rápidas às explosões. Das atuações de Foxx, Waltz (finalmente um good guy!), DiCaprio (finalmente um vilão!) e Samuel L. Jackson (irreconhecível e espetacular). Django Livre é uma orgia cinematográfica.

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