Chegou aos cinemas brasileiros na última sexta-feira o novo filme de Pablo Larraín e, até o momento, candidato chileno ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. No (Chile/França/EUA, 2012) conta um capítulo inusitado da história lationoamericana quando, em 1988, o general ditador Augusto Pinochet decidiu realizar um referendo para legitimar seu governo através do voto da população chilena sobre sua permanência, ou não, no poder.
O grande mérito do filme, no entanto, é justamente o fato de os contextos históricos serem deixados apenas como pano de fundo para a trama, que consegue focar em personagens complexos e extremamente cativantes. Nosso protagonista é o publicitário René Saavedra (Gael García Bernal), coordenador da campanha do "NÃO" (que estava fadada ao fracasso, considerando-se a força da ditadura militar chilena). Através de problemas familiares, crises ideológicas e ameaças contra sua segurança, vamos acompanhando as explosões criativas que convenceram a população a enfrentar o medo e votar por um futuro melhor.
A história real da redemocratização do Chile foi toda filmada com câmeras U-Matic, tecnologia que era usada por emissoras de TV da época, dando ao filme um ar quase nostálgico, sem falar nas belas distorções nas cores. Apesar dessa decisão caminhar na contramão da tendência atual de mega resoluções e imagens gigantes, nós acabamos nos envolvendo numa atmosfera semi-documental na qual as cenas produzidas se encaixam perfeitamente com imagens de arquivo, nos permitindo assitir aos curiosos vídeos originais da campanha como se fizéssemos parte daquilo.
Como vocês sabem, no momento da publicação desse texto ainda não foi divulgada a lista de indicados ao Oscar 2013, mas No já está entre os nove "finalistas" e é um candidato fortíssimo, especialmente após a exclusão do favorito "Pietá", de Kim Ki-duk.
