domingo, 13 de janeiro de 2013

De Uma Vez Por Todas



Será que exista amor à primeira vista, à primeira dança… à primeira música? Quantos encontros são necessários pra duas pessoas se apaixonarem? Quantas conversas? Quantos almoços? E de quanto tempo essas duas pessoas precisam para perceberem que estão apaixonadas? Podemos dizer que Apenas Uma Vez ("Once", Irlanda, 2006) é um musical sobre esses meandros de uma nova paixão, mas na verdade o filme vai bem além disso e mostra todas as nuances do nascimento de um novo amor, carregado de carinho, cumplicidade e amizade.


O filme conta a história de um homem simples que sonha poder ganhar a vida com sua paixão, a música, e de uma moça que não vê muito espaço para sonhar em sua vida humilde. Ele trabalha na oficina de consertos da família e toca seu violão em uma rua movimentada para mostrar seu trabalho e ganhar uns trocados extras. Ela é uma vendedora ambulante de flores e de outras coisinhas que podem interessar aos passantes. Um dia o caminho dos dois se cruza e a moça, que é apaixonada por música, se apaixona também pelo cantor. Ela começa a tentar se aproximar dele, que resiste um pouco mas acaba se entregando ao charme dela, e daí pra frente vai começando um romance cercado de obstáculos, como era de se esperar de qualquer filme.


Existem dúzias de grandes atores de musicais por aí, mas com um orçamento estimado em 180 mil Euros seria difícil arrastar alguém famoso até Dublin para filmar, e isso também fugiria dos planos do diretor/roteirista que queria dois músicos de verdade interpretando o casal protagonista, e eles conseguiu encontrar dois realmente bons: os vocalistas da banda indie The Swell Season, Glen Hansard e Markéta Irglová. É bem verdade que a atuação deles é um pouco "limitada", mas o fato deles terem sido os compositores de toda a trilha sonora do filme traz um quê a mais à produção. Ninguém teria interpretado aquelas músicas com tanta paixão quanto os próprios autores, que levaram pra casa o Oscar de Melhor Canção Original.


Não há dúvidas de que o grande mérito do filme é a trilha e a direção de John Carney também é muito cuidadosa, mas o roteiro, também dele, se torna um pouco chato em alguns momentos e pode cansar os espectadores menos pacientes (e aqueles mais acostumados com blockbusters do que com filmes de arte). O próximo filme de Carney vai continuar no campo musical, mas é uma produção infinitamente maior, contando com nomes como Keira Knightley, Mark Ruffalo, Adam Levine e CeeLo Green, entre outros. Já Hansard e Irglová podem ser vistos (e ouvidos) juntos em "Não Estou Lá", cinebiografia de Bob Dylan que vai passar por essa coluna daqui a alguns meses, comemorando o aniversário dele.

Semana que vem estaremos aqui novamente com um filme supreendentemente independente, responsável por catapultar a carreira de James Cameron (aquele de "Titanic" e "Avatar") em direção aos mega-blockbusters e de colocar meu querido Arnoldão Schwarzenegger no posto de "grande herói americano". Sim, é de O Exterminador do Futuro que eu estou falando.
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