quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

A Consagração de Abraham/Day-Lewis


Certos filmes conseguem fazer muito mais do que simplesmente contar uma história. Alguns tem capacidade de envolver o espectador de uma tal maneira que a pessoa se sente conectada ao longa. Mesmo que, aparentemente, eles não possuam nada de outro mundo. O tema em debate, a atuação de um ator, as piadas, e até mesmo uma pequena frase; são algumas das coisas responsáveis por esse fenômeno. E essa foi mais ou menos a sensação que eu tive durante, e após, a sessão de Lincoln (EUA, 2012), o mais novo filme de Steven Spielberg.


É verdade que sou suspeito para falar desse tipo de produção, já que sou fã de carteirinhas de importantes momentos históricos. E, como é destacado repetidamente ao decorrer de todo o filme, os acontecimentos que cercaram o mandato do 16° Presidente dos Estados Unidos, Abraham Lincoln (Daniel Day-Lewis), estão incluídos nessa categoria. Mas, o longa focasse totalmente nós últimos meses desse período; época na qual a nação se encontrava dividida por uma sangrenta guerra civil. Em meio a vários conflitos de ideais, Lincoln teve a convicção que a abolição da escravidão seria a melhor solução para vencer a guerra (a favor da União) e unir o país. Acredito que até mesmo as pessoas que não estão muito familiarizadas com o tema terão interesse em assistir.


Contudo, o enredo da trama não será o principal responsável por levar um bom número de espectadores as salas de cinema. Provavelmente muitas pessoas irão somente para conferir a atuação e caracterização do ator Daniel Day-Lewis (o mesmo de "O Último do Moicanos" e "Gangues de Nova Iorque"), que está simplesmente idêntico ao ex-presidente. Sua maneira de andar, falar e os trejeitos, as vezes, conseguem nós iludir ao ponte de confundir a imagem do ator com as imagens do verdadeiro Abraham Lincoln.


Porém, ele não é o único que se destaca nesse quesito. O ator Tommy Lee Jones (o mesmo de "MIB - Homens de Preto" e "O Fugitivo"), também tem uma atuação fantástica como o congressista abolicionista Thaddeus Stevens. As falas irônicas e sarcásticas do seu personagem são responsáveis por arrancar algumas risadas em meio a uma intensa história. Se não fossem elas ninguém poderia se quer piscar, já qualquer parte perdida é motivo suficiente para se perder e não conseguir entender o que se passa na trama.


Lincoln é um retrato da vida publica e pessoal de uma das maiores figuras históricas dos Estados Unidos. O filme também consegue deixar bem clara a visão de patriotismo que os norte americanos possuem (ao meu ver...um dos poucos pontos positivos desta nação). Mas, a exaltação ao povo americano não tem tanto destaque como normalmente acontece em outros longas do gênero. Ao decorrer da projeção, muitas das vezes, as ideias preconceituosas e racistas (característica dos norte americanos) são criticadas como se fosse algo imperdoável. Sem falar que a principal intensão do longa é mostrar a força e a coragem moral de Lincoln. Por fim, acredito que o público terá somente duas reações em relação ao filme, que serão: "ame-o ou odeio-o". 

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