
Ontem foi
meu aniversário, e longe de ter assistido ao filme da minha vida, resolvi dar
uma chance ao Vencedor do Urso de Ouro e estreante nos cinemas deste final de
semana: César Deve Morrer (Cesare
deve morire, Itália, 2012). – Fiz algo terrível antes de vê-lo: li muito sobre
ele. Isso para mim sempre matou boa parte da minha própria apreciação,
envenenou minha opinião e tirou qualquer brilho curioso de investigação dos
meus olhos. Portanto, se quiser se surpreender com o filme, não leia este
texto.
O filme tem
uma excelente premissa: presidiários na vida real encenam a aclamada e clássica
obra de Shakespeare Júlio César. Ensaiam constantemente dentro da própria
prisão estimulados por um programa de artes dentro da instituição. A princípio
é impossível negar o profissionalismo dos “atores”. – E coloco aspas não de uma
forma pejorativa, porque simplesmente é dúbia qualquer classificação para eles.
– Durante os vinte primeiros minutos estamos sentados na ponta de nossas
poltronas animados...
...E
durante todo o resto do filme já acomodamos a coluna e o interesse dá lugar ao
relaxamento. A premissa tão interessante, e eu diria até criativa, fica perdida
na tentativa de inovar e acabar caindo no lugar comum chamado “teatro filmado”.
Pouco se é explorado da vida dos presidiários. Vemos apenas os ensaios e a
factual apresentação da peça. Para qualquer um conhecedor da obra de
Shakespeare o filme não vai passar de uma boa ideia, com bom elenco e
fotografia interessante.
Ainda não
sei o motivo para o filme não dar certo. Talvez por ter uma duração tão
reduzida, ele não soube criar camadas de leitura e principalmente deixou
devendo no quesito aproximação com o espectador. Eu não consegui mergulhar na
história, como se o filme fosse uma piscina cheia de cadáveres onde eu não
tivesse coragem e qualquer interesse de contato. O filme se tornou uma fiel,
porém fria representação da obra do autor inglês. – Boa parte da minha nota vai
para a boa iniciativa do diretor.
