
Quando conheci o filme Como Água
para Chocolate (“Como Água para Chocolate”, 1992, México), pensei que se
tratava de uma comédia-romântica, como dessas feitas em Hollywood. Por
ignorância minha, desconhecia completamente a história, mesmo sendo um famoso romance
mexicano, homônimo, escrito por Laura Esquival. O que me deixou mais confuso
foi quando li que, segundo a revista Somos,
Como Água para Chocolate está na lista dos 100 maiores filmes produzidos no
México.
Alfonso Arau, diretor do longa, mostra-nos a vida de Tita (Lumi Cavazos),
una chica que é impedida de se casar
com Pedro (Marco Leonardi, o Salvatore de Cinema
Paradiso), o amor de sua vida, para cuidar de sua mãe. Versando entre o
conto de fadas e um drama “seco”, a história toma um caráter leve e cômico.
Sentimo-nos sensibilizados com as adversidades de Tita, porém sem desperdiçar
nossas lágrimas. Um misto de Romeu e
Julieta e Cinderela.
O filme, em alguns aspectos, remete-nos aos clássicos de Walt Disney,
como a Cinderela por ter a personagem
a vida limitada por sua mãe – proibição do casamento - , enquanto às suas irmãs
cabia esse direito. Como no clássico infantil, em que Cinderela foi proibida,
por sua madrasta, de ir ao baile do príncipe. E a fada madrinha? Bem, temos a
senhora Nacha (Ada Carrasco), cozinheira e confidente de Tita.
A saída criativa para amenizar as privações e “torturas” sofridas pela
personagem foram os exageros das ações dos personagens, relacionando-os com a
alimentação. Fenômenos naturais, ações e reações, digamos fora do comum, estados
de humor, tudo era influenciado pela alimentação. Esses pontos não deixaram que
o filme caísse no gênero “dramalhão mexicano”, velho conhecido nosso.
Como Água
para Chocolate é agradável e divertido. Agora, se tem virtudes
suficientes para estar na história do cinema mexicano, não sei ao certo. Na
verdade, quando deparamos com situações como essa, o que delimita é o gosto. É
um bom filme, mas deixo a você, caro leitor, decidir se é inesquecível ou não.