O Mestre ("The Master", EUA, 2012) é mais que um filme, é um desafio. O diretor Paul Thomas Anderson tinha em suas mãos duas missões bem espinhosas: Realizar um filme que fosse melhor que "Sangue Negro" e conseguir com que Joaquin Phoenix fosse levado a sério novamente. Pelo menos em uma das missões, Paul se saiu um pleno vencedor: Phoenix, seu protagonista, está de volta aos holofotes e concorrendo ao Oscar de Melhor Ator por um trabalho que já lhe rendeu láureas no Festival de Veneza e até uma indicação ao Globo de Ouro.
Muito do êxito da atuação de Phoenix se deve ao fato de que o ator é muito parecido com seu personagem - Ambos são loucos, desequilibrados e viscerais ao extremo. Quem assistiu ao documentário "I'm Not There" sabe muito bem do que estou falando: Phoenix é quarta besta do apocalipse, uma bomba relógio prestes a explodir. Um ator talentosíssimo, porém louco. Tão louco que abandonou sua carreira para virar rapper (!) e ele nem possui talento para isso. Após uma forte depressão, o ator ficou cinco anos sem fazer filmes e chegou a declarar que havia se aposentado para sempre. Graças a Paul Thomas Anderson, isso não aconteceu.
Phoenix é a grande atração de O Mestre, mas é injusto dizer que ele é o único a brilhar em cena. Phillip Seymour Hoffman também se destaca e os melhores momentos do longa são os embates cênicos que o diretor trava entre os seus dois protagonistas, dois monstros sagrados da atuação. Paul Thomas Anderson é um diretor de atores. Ele consegue polir o talento de todos os astros com quem trabalha e extrai deles o seu melhor desempenho. Aconteceu com Tom Cruise em "Magnólia", Daniel Day-Lewis em "Sangue Negro" e até mesmo com Adam Sandler em "Embriagado de Amor".
O maior problema de O Mestre é que ele anda em círculos para chegar a lugar algum. A trama perde o interesse no meio e o filme acaba só servindo de palco as para grandes atuações de todo o elenco. Amy Adams não tem muito o que fazer em cena, ela já teve personagens e desempenhos melhores. Após vir colecionando indicações ao Oscar, a atriz tem tudo para se tornar a nova Meryl Streep. O seu prêmio virá logo, logo. Mas não agora... e não por esse filme.
Joaquin Phoenix também deve ser ignorado pela Academia. Por mais que mereça, a sua atuação é efusiva e exarcebada demais para o Oscar. Phoenix esteve melhor que Russel Crowe em "Gladiador" e melhor que Reese Witherspoon em "Johnny & June". Seus colegas de elenco venceram o Oscar e ele não. Essas são as injustiças da vida.
