Selma Jezkova (Björk) é mãe solteira e portadora de uma doença hereditária que levará a cegueira. Tentando impedir que seu filho Gene (Vladica Kostic) também fique cego, Selma trabalha o máximo que pode para economizar e pagar uma operação. Só que quando um "amigo", Bill (David Morse) passa por problemas financeiros e a rouba, têm-se início uma série de trágicos acontecimentos.
Depoimentos sobre quem assistiu sempre são parecidos: "Foi um dos filmes em que mais chorei", ou "Não aguentei assistí-lo até o final, é muito triste". A intenção do aclamado diretor Lars Von Trier (que também fez o roteiro) é de deixar os espectadores chorando em boa parte da trama, exagerando no sentimentalismo propositalmente. A carga emocional não seria tão grande se a atuação de Bjork não fosse tão brilhante, quem diria que a cantora com cara de esquimó se sairia tão bem como atriz?
As partes musicais são frutos da imaginação de Selma, sendo uma fuga da realidade nas horas mais duras. É uma forma de dar "leveza" a momentos trágicos e tristes, sentimento compartilhado pelos expectadores. Durante as músicas, a fotografia fica mais colorida, a câmera fica estática, e os elementos de cena são mais explorados, evidentemente o inverso acontece nas cenas "normais".
É importante lembrar que o filme é influenciado pelo polêmico movimento cinematográfico "Dogma 95", do qual Trier é um dos autores. O objetivo é fazer um cinema menos comercial e mais realista, fugindo do modelo consagrado por Hollywood. Algumas regras do Dogma são usadas, como o uso de locações e não de cenários, o desenvolvimento da trama em tempo real (não há mudança temporal) e o uso de câmeras digitais para dar o aspecto de documentário.
Dançando no Escuro é um filme corajoso, inteligente, muito forte, e faz o espectador refletir. Ele tenta ser realista, mas explora o pessimismo. É verdade que situações vividas pela Selma infelizmente acontecem, mas não são frequentes, pelo menos. Quem quiser se emocionar não pode deixar de assistir. É daqueles que você sempre lembrará.