quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Um Lugar Dentro de Você

Alguns espectadores tem problemas em aceitar filmes sem ação. Quando digo ação, não necessariamente são explosões, carros batendo, coisas explodindo ou algo do tipo. Qualquer carga emocional que desvirtue a linha de uma narrativa e engatilhe as atitudes do personagem podem se enquadrar no termo. Assim, se falamos de Sofia Coppola, cineasta filha do grande Francis Ford Coppola, encontramos exatamente esta ausência, essa calma que, apesar de tão incômoda e vazia, nos faz compreender um estilo que tem algo a dizer. Mesmo que esse algo em “Um Lugar Qualquer” (Somewhere, 2010) seja o mesmo de todos os seus outros filmes.

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Algo dizia que iniciaríamos o longa com um grande plano aberto, parado e que resumiria o ritmo, a temática e o objetivo da diretora. Não houve surpresa. Um carro dá algumas voltas em lugar deserto e de repente para. Um homem abre a porta, sai e seu olhar busca o nada. Temos uma falsa impressão de agilidade, que disfarçará o ritmo lento da história. Sim, estamos de volta com Sofia aos cinemas.

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Johnny Marco (Stephen Dorff) é um astro de cinema mundialmente conhecido. Sua vida se resume a mulheres, sexo e viagens de divulgação de seus filmes. Seu modo de vida patético, dentro de seu estrelismo hollywoodiano, arrasta grande parte de sua personalidade. Quando sua filha Cleo (Elle Fanning) passa um tempo com ele e o acompanha em uma ida à Itália, ele se vê diferentemente satisfeito. Ele não somente muda sua rotina, como também se permite incluir sentimentos que fujam dos habituais: tesão e miserabilidade.

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De todas as reflexões possíveis a partir de “Um Lugar Qualquer”, a de que a vida é um tédio, independente do que você faça, e que alguns momentos irão dar uma falsa impressão de felicidade, é a que mais se sobressai durante os 97 minutos de duração. Independente de um verdade cinematográfica ou pessimismo filosófico, as telonas ganham um produção bem cuidada tecnicamente, com uma trilha sonora boa e atuações respeitáveis. Não é exatamente um filme para se ver em família mas, falando em temas e assuntos familiares, interessante que pai e filha (agora me referindo a Sofia e Francis) tenha escolhido este ponto em suas últimas produções, não?


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