Do beijo na boca até a cama são muitos passos e, quando essa pequena caminhada começa a ser dada por volta dos 16 anos, parece que a viagem é mais longa do que se imaginava. Durante o caminho, como se não fosse suficiente, essa época da vida parece rodear a cabeça com tanta informação e tantas escolhas, que o adolescente parece estar mergulhado em um mar de dúvidas. Com medo, ansiando cada dia mais por respostas que venham satisfazer uma inquietude típica, buscam com muito bom humor respostas para o dia a dia. O brasileiro “Desenrola” é um painel que concentra todas essas matizes, pintado com muitas doses de qualidade técnica e narrativa.
Falando em mar, nossa personagem principal no novo filme de Rosane Svatman já começa a se apresentar dentro desta metáfora. Priscila (Olívia Torres) é uma menina apaixonada pelo garoto mais popular do colégio, o Rafa (Kayky Brito), que não dá a menos bola pra ela. Quando sua mãe (Claudia Ohana) resolve viajar durante 20 dias, deixando a casa só para ela, e a aproximação com o amor de sua vida se concretiza, o momento parece propício à uma importante decisão: deixar de ser virgem. Porém, as coisas não são tão fáceis como parece. A timidez e a ingenuidade ainda são obstáculos para a menina.
Com uma linguagem que se aproxima da televisiva e com um formato que se permite incluir referências visuais que o público acostumado com as telinhas vai curtir, o conjunto da obra se destaca pelo investimento em uma ideia que vem ganhando espaço no cinema brasileiro. Os últimos filmes de temática jovem que apareceram, “As melhores Coisas Do Mundo”, da maravilhosa Laís Bodanzki, e “Antes Que O Mundo Acabe”, de Ana Luiza Azevedo, tinham feito bonito nos cinemas.
Por mais que o filme pareça ser focado no tema “sexo na adolescência”, todo o encantamento do produto final está em seus complementos e nas bordas do assunto em questão. Desde o ambiente escolar até seus estereótipos, desde as gírias até os papos sérios temperados com o linguajar teen, “Desenrola” estabelece um diálogo polifônico com o público sem nem chegar perto de ser cansativo. Gravidez, homossexualismo, tabus e relações familiares também entram no jogo, pelas beiradas, terminando de conquistar o espectador. Hormônios à parte, o sucesso está garantido entre todas as idades.
