segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Sonho de lembranças, filme de alusões.

Nós já conhecemos o princípio: Se é de Tim Burton, é exótico. O visual vibrante e as figuras que chamam a atenção pela sua esquisitice constituem a fórmula bem sucedida do diretor. Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, 2010) não foge à regra, hipnotizando qualquer um que ainda tenha dentro de si um gostinho de infância – ao menos durante os primeiros 30 minutos.


Quem assiste ao filme sem antes ler a sinopse pode se decepcionar. Isto porque a Alice de Tim Burton é alguns anos mais velha que a personagem de Lewis Carroll (autor dos livros nos quais o filme é baseado). Pessoas de coração aberto, no entanto, não tem do que reclamar em relação à passagem de tempo no mundo ficcional. Afinal, logo se nota que a Alice do filme, mesmo depois de crescida – não faço aqui nenhuma referência ao Altestrudel, o bolinho “coma-me” – continua teimosa, questionadora e distraída.


Aos 19 anos, depois de ser pedida em casamento por um lorde nada atraente, Alice deixa-se entreter por um coelho branco de colete e relógio de bolso. Abandonando o pretendente ajoelhado, a menina corre atrás do coelho e acaba caindo numa toca. E ela cai, cai e cai, e quando está perto de atingir o que seria o infinito da queda, ela chega ao chão de uma sala com muitas portas. A partir daí a história se repete, mas somente até o momento em que Alice consegue passar por uma portinha. Aliás, acontece uma coisa interessante logo após esta cena: Os arbustos do jardim têm formato de animais – uma lembrancinha do Edward Mãos de Tesoura, outro filme de Tim Burton, talvez.


E embora encontre no "País das Maravilhas" o mesmo gato sorridente, as mesmas flores falantes e o mesmo chapeleiro maluco, a menina logo descobre que sua missão, desta vez, não é tão simples quanto voltar para casa. Seu retorno, como revela a lagarta azul, já tinha sido previsto pelo oráculo. Durante o Glorianday, a Alice da profecia derrotaria o perigoso Jaguadarte, o instrumento de poder e opressão da Rainha de Copas, dando fim a todos os anos de sofrimento de seus súditos. O que resta saber é se a Alice em questão é a mesma da profecia.


Com uma narrativa previsível, não fosse o desvio da história original do livro, o filme de Tim Burton cumpre perfeitamente seu papel no ramo do entretenimento. No entanto, pode ser cansativo para quem não estiver bem acompanhado ou muito motivado a assisti-lo. Além disso, a carência do Chapeleiro Maluco (Johnny Depp) pode ser irritante, sem contar que a sua dança, o “Passomaluco”, não tem nada demais; poderiam ter contratado o Beetlejuice para dançar.



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